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Iate Clube de Macaé

sex, 01/08/2014 - 16:14 -- Alice Cordeiro
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comodoro brasileiro do iate clube de macaé

Em 1954, um grupo de jovens macaenses idealizou um clube ainda inédito na cidade. Apaixonado por pesca submarina, Iberê Costa reuniu alguns amigos para fundar o Iate Clube de Macaé (ICM). Ao longo desses 60 anos, o clube passou por momentos de auge e decadência, sendo reerguido a partir de 2005 por uma diretoria que decidiu investir e acreditar nos seus potenciais náuticos. Os principais acontecimentos dessas décadas serão reunidos em um livro a ser lançado pelo ICM. A Revista DiverCidades adianta alguns capítulos desta história para você.

Iberê Costa, o idealizador

Ao contrário do que muitos pensam, a primeira sede do Iate não foi na Praia do Pontal, na Barra, onde o Iate está localizado. Esta afirmação é feita por uma das poucas testemunhas vivas daquela época, José Vieira de Almeida Júnior, de 94 anos, que revela que a primeira sede foi em um quarto do Hotel Imbetiba.

“Iberê precisava de um local para se reunir com seus amigos e eu acabei cedendo o meu quarto do hotel. Apesar de não estar envolvido com a náutica, eu era amigo de todos e acabava participando das reuniões. Nelas, além de Iberê, estavam Jorge Costa – pai de Iberê –, Michel Antunes, Edir Jacoud Azevedo, Jardel Trindade e Godofredo Tabuada”, lembra José Vieira, ressaltando que, naquela época, o único que tinha um barco era Godofredo Tabuada, que utilizava a Praia do Pontal como garagem. A partir dessas reuniões o grupo liderado por Iberê começou uma mobilização na cidade para a construção do clube náutico.

Lineu Borges é outra testemunha que se orgulha de fazer parte dessa história. Portador do 14° título de sócio do Iate Clube, Lineu, que já ocupou o cargo de Comodoro (diretor), reforça que é o único sócio-fundador que ainda frequenta o clube. Aos 82 anos, “Irmãozinho”, apelido que ganhou no clube e carrega até hoje, relembra com alegria e riqueza de detalhes, as épocas históricas do lugar.

“Dr. Olo Torres também fazia parte do grupo da fundação e foi ele quem fez a planta da primeira sede do Iate. Nessa época, a planta era um projeto feito em um pedaço de papel. Com a planta em mãos, Iberê queria começar a construção o mais rápido possível e começou a movimentar a sociedade em busca de sócios para o clube, mesmo sem ainda existir um clube”, diverte-se.
“Certa manhã, eu tinha acabado de chegar em casa, vindo de um baile, e o Iberê apareceu querendo minha ajuda para pegar umas tábuas que havia conseguido de graça em uma serraria. Eu estava cansado, mas fui com o caminhãozinho do meu pai ajudá-los. Subimos pela ponte velha da Barra e deixei a tábua logo na descida, pois o caminhão havia atolado na areia. Iberê e os outros pegaram as tábuas e, ao final do dia, a base do Iate Clube estava pronta”, lembra.

De acordo com Lineu, Iberê era apaixonado por pesca náutica e, por isso, queria fundar um clube especializado. “Além de fazerem a sede com muito sacrifício, os idealizadores chegaram a construir seus barcos com as próprias mãos. Certa vez, Iberê pescou um mero de 286 quilos. Como ele era um homem baixo, o peixe era maior que ele. E para provar que isso não era história de pescador, eles fizeram uma foto que, até pouco tempo, estava exposta no mercado de peixe”, conta.

Dos grandes bailes à decadência iate clube de macae antiga

Atual Comodoro do Iate Clube, Marcelo Brasileiro, conta que, nas décadas de 1960 e 1970 o Iate era restrito aos apaixonados pela náutica. Já em 1980 e 1990, a instituição ampliou sua área de atuação passando a ser também um clube social, com quase mil sócios, frequentado pela alta sociedade que participava de festas de casamentos, aniversários e grandes bailes.

Apesar de não ser ligado à náutica, Lineu Borges conta que gostava de frequentar o clube para encontrar seus amigos e participar de bailes. “Sempre gostei muito de dançar e, em determinado momento, o Iate ficou conhecido pelos seus grandes bailes e festivais. Ao contrário dos demais clubes da cidade, que selecionavam seus sócios, o Iate estava aberto para quem quisesse participar e, por isso, eventos como o Baile Azul e Branco, o aniversário do clube e o Festival da Cerveja estavam sempre cheios”, lembra.

Por conta do trabalho, nesta época, José Vieira ficava pouco em Macaé. Mas reforça que sempre que podia, levava seus filhos para a piscina do clube. “Eu era muito ligado aos esportes. Gostava de futebol, basquete e natação. Sempre que eu podia, ia ao Clube para usar a piscina e foi lá que meus filhos aprenderam a nadar”, lembra, destacando a famosa piscina, de 3 metros de profundidade, construída na gestão de Jorge Costa.

Segundo Brasileiro, a partir de 2000,o clube perdeu totalmente o cunho náutico e entrou em falência, tendo sua desapropriação decretada. “Em 1986 e 1988, o Iate foi invadido pelo mar e sua reconstrução não foi adequada, o que fez com que muitas pessoas se afastassem do local que estava sucateado. Em 2005 e 2006, um grupo de sócios começou um movimento para reerguer o Iate e retomar as características náuticas. Assim, assumimos um compromisso com a prefeitura para que a desapropriação fosse cancelada e começamos a reestruturar o lugar”, conta, reforçando que nesta época o clube, que chegou a ter mil sócios, estava com apenas 160.

Revitalização

instalações do iate clube de macaéCom o apoio dos associados e de novos parceiros, a atual gestão (2013/2015) conseguiu reerguer o clube. “Hoje, apresentamos um clube totalmente remodelado. A reforma contou com a ampliação do Parque Náutico; uma nova área de embarque e desembarque; novas instalações de restaurante e áreas de convívio social, como saunas, churrasqueira, entre outras”, descreve Brasileiro.

Com a revitalização, veio a aprovação da Marinha do Brasil que reconheceu a capacidade do Iate Clube de Macaé em atender às suas necessidades e, por isso, foi inscrito na Carta Náutica Brasileira. Com isso, além de estar pronto para atender as demandas das embarcações macaenses, o Iate está preparado para receber embarcações de órgãos de segurança como Defesa Civil, Marinha do Brasil, Corpo de Bombeiros, entre outros.

Amante da pesca submarina, o comerciante Ciro Henjouti, de 38 anos, é sócio assíduo do Iate Clube de Macaé há cerca de dois anos. “Sempre fui sócio, mas não vivia em Macaé. Desde pequeno, meus pais eram sócios e foi na piscina do Iate que aprendi a nadar. Lembro que, nesta época, não existia a infraestrutura de hoje. Antes, no lugar do atual galpão que abriga as embarcações, havia um campo de futebol”, conta.

Depois de uma temporada longe da cidade, Ciro retornou com um novo hobby. “Meu pai nos ensinou a gostar da pesca submarina e, há uns dois anos, adquiri um barco para praticar. Desde então, uso as instalações do clube semanalmente, pois se não saio para pescar, vou passear com minha família. Deixo meu barco guardado no Iate e estou muito satisfeito com a estrutura que eles nos disponibilizam”, destaca.

piscina do iate clube de macaé“Queremos resgatar o homem do mar, aquele cidadão que gosta de pescar e velejar.  Para isso, oferecemos uma infraestrutura adequada e estamos promovendo cursos que destacam a importância da segurança no mar e que estimulam a paixão de novos associados, como filhos dos sócios, por exemplo, que já participam de cursos aqui para que essa paixão pelo mar se propague de pai para filho”, conta Marcelo Brasileiro.

O Iate oferece: local para guardar as embarcações, cursos de segurança no mar em parceria com a Marinha do Brasil, palestras para sócios e convidados, ações de conscientização ambiental, entre outras atividades. Para 2014, o Iate irá lançar a Escola de Náutica que terá como objetivo levar conhecimento sobre navegação para os sócios e amigos.

Na reinauguração, Lineu Borges e José Vieira foram homenageados pela diretoria do clube. Lineu Borges foi o nome escolhido para a nova área de lazer, enquanto José Vieira recebeu um título de sócio benemérito. “Até hoje, frequento o clube uma vez por semana para ir à sauna. A diretoria queria que eu assumisse um cargo, mas como eu não queria criaram o Diretor de Sauna. Juntei o útil ao agradável, pois já que gosto de frequentar a sauna, consigo ver o que precisa ser melhorado por lá”, conta Lineu.

Com todos esses investimentos, em oito anos os títulos do Iate tiveram uma valorização de 400%. “Conseguimos resgatar a importância do clube para uma cidade portuária, reescrevê-lo nas Cartas Náuticas do Brasil e oferecer uma estrutura adequada aos amantes da náutica. Agora, pretendemos investir no cunho social do clube e, aos poucos, promoveremos eventos que despertem o interesse da sociedade e de novos associados”, revela Brasileiro, reforçando que qualquer pessoa pode fazer parte do quadro de sócios, basta ir à secretaria do clube para saber mais detalhes sobre a aquisição de um título

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