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Associação Pestalozzi de Macaé completou 42 anos

seg, 27/04/2015 - 09:59 -- Juliana Carvalho
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Créditos: 
Alle Tavares
mãe com criança com deficiência

Quando a gente ouve um nome, muitas vezes não consegue ter noção do que isso representa ou significa. Sem dúvida, você já deve ter ouvido falar em Pestalozzi ou Associação Pestalozzi. E a história da fundação em Macaé é permeada de força de vontade e solidariedade.

O ano era 1931, nascia então Oneida Mello Terra, uma macaense que desde pequena mostrou que tinha vindo ao mundo com uma missão especial. Aos sete anos, Oneida já se preocupava com o próximo e ajudava os menos favorecidos no bairro em que morava com os pais. Filha de uma família grande, aos 13 anos começou a trabalhar para ajudar na criação de seus 10 irmãos. Anos mais tarde, com o nascimento de seu filho mais novo Antônio Cláudio Melo, com uma deficiência intelectual, Oneida pôde exercer sua mais nobre empreitada: contribuir para que centenas de pessoas com deficiência pudessem ter atendimento médico digno, acesso a uma educação inclusiva e, assim, poder superar limitações. Foi assim, movida pela vontade de ajudar ao próximo e motivada pela condição de seu filho, que Oneida reuniu amigos e fundou em 15 de abril de 1973 a Associação Pestalozzi de Macaé, com o apoio sempre presente de seu esposo, Antônio Azevedo Terra.

fisioterapia em criança com deficiênciaA entidade beneficente possui um histórico de mais de 70 anos de atuação no Brasil. O nome é uma homenagem a Johann  Heinrich Pestalozzi (1746/1827), considerado um dos maiores educadores da era moderna. Em Macaé, o local, atualmente, atende 120 crianças, sendo 40 em atendimento escolar e 80 com atendimento ambulatorial nas especialidades de fonoaudiologia, fisioterapia, psicologia, dentista e neuropediatria.

Oneida esteve envolvida com a Pestalozzi Macaé até 2012, quando se afastou da diretoria para tratamento de saúde, vindo a falecer em 2013. O seu trabalho à frente da instituição deixou um legado que, até hoje, é seguido por alguns de seus familiares, como o caso de seu filho mais velho Carlos Levi Terra, que atualmente responde pela presidência, a sobrinha Lívia Terra, tesoureira, a irmã Telma de Mello Santos e o cunhado Nelson Sarzedas, que atuam  na coordenação de projetos.

“Meus pais sempre tiveram um envolvimento muito grande com as causas sociais. Desde criança, nos acostumamos a conviver com essa filosofia de ajudar ao próximo sem querer nada em troca. Tivemos, ao longo da vida, inúmeros ‘irmãos’, crianças que minha mãe levava para casa para ajudar a criar. Eles sempre se preocuparam em poder fazer mais pelo outro. Minha mãe, durante toda a vida e meu pai  até pouco tempo também, só parou por conta da idade mesmo, já que agora tem 82 anos e fica mais debilitado”, conta Carlos Levi.

lívia terra“Acho que meu envolvimento foi natural e inevitável. Desde muito nova meus pais me traziam para a Pestalozzi, tenho fotos minha criança junto com as obras da unidade. É um trabalho tão bonito que não tem como não se envolver e não se esforçar para que permaneça”, afirma Lívia que divide o seu tempo do trabalho como arquiteta com as atividades do local.

Durante uma visita na Pestalozzi é impossível não perceber que, apesar dos poucos recursos, cada cantinho do lugar é bem cuidado, limpo e organizado. Cada sala possui uma destinação específica que retrata bem a dedicação de cada funcionário. Todo esse carinho é sentindo de perto pelos beneficiados e seus pais. Deucira de Oliveira sabe bem a importância do local para o seu filho Mateus Oliveira Silva, de 12 anos. O menino convive com as sequelas de uma meningite que o deixou com a mentalidade de uma criança de cinco anos. “Aqui ele teve um desenvolvimento motor e na fala muito grande, além da socialização. O que eu espero dele é que ele possa se desenvolver mais e mais, cada pequena conquista é uma grande vitória para nós”, emociona-se Deucira. E o próprio Mateus faz questão de deixar claro como se sente na Pestalozzi. “Aqui, eu me sinto muito bem e feliz, gosto muito de brincar com os meus amigos, desenhar”, conta o menino, que se destaca pelas maquetes que cria.

Flávia Magalhães Viana é outra mãe que conta com a Pestalozzi para o auxílio no desenvolvimento de seu filho Izaque Emanuel, de três anos, que sofre de uma síndrome rara, a Pallister Killian, que provoca um retardo mental, motor e na fala.

“Como tinha uma filha mais velha, percebi que o desenvolvimento do Izaque não estava normal. A partir daí, foi uma busca de médico em médico até o encontro do diagnóstico correto. Após a indicação de uma vizinha, resolvi procurar a Pestalozzi. Aqui, ele tem sessões de fonoaudiologia e fisioterapia. Foi uma porta muito importante que se abriu para nós. O trabalho que fazem aqui contribui para os avanços dele. Acredito muito na potencialidade do meu filho e sei que, com os estímulos corretos, ele vai evoluir cada vez mais”, ressalta Flávia.

Atualmente, a Pestalozzi Macaé conta com o apoio de parceiros para continuar suas atividades. Entre eles, estão a Prefeitura de Macaé, funcionários da Unimed, doações da sociedade civil e funcionários da Petrobras, cuja contribuição voluntária, feita diretamente na folha de pagamento, corresponde a mais de 55% da receita da instituição. Ainda assim, a administração dos recursos passa por um momento delicado. “Todo mês ficamos com um déficit que não conseguimos cobrir, temos o nosso bazar, realizamos eventos, mas precisamos de mais apoiadores a fim de que consigamos manter a qualidade dos serviços oferecidos”, revela Lívia.equipe da pestalozzi de macaé

A dificuldade financeira também é abordada por Carlos Levi que destaca, ainda, a importância da ação da família para manutenção do lugar. “Atravessamos uma fase bem complicada, com diminuição dos recursos públicos na subvenção e falta de colaborações fixas que consigam suprir todos os gastos. Sinceramente, acredito que se não fosse a força de vontade da nossa família em não deixar o legado da minha mãe morrer, a Pestalozzi já teria fechado”, pontua. 

O bazar, que vende roupas usadas a preços convidativos, foi uma das alternativas encontradas para que o local tivesse mais uma fonte de renda. “Colocamos à venda somente peças que estejam em plenas condições de uso. Temos tanto cuidado que já contamos com clientes fixos que ficam à espera de quando chegam novas doações. O valor arrecadado é mais uma ajuda para suprir nossas despesas”, conta Lívia, que também planeja outras ações como jantares beneficentes como forma de arrecadar recursos. O bazar da Pestalozzi é de segunda a sexta, das 7h30 às 11h30 e das 12h30 às 16h30.

deucira e seu filho na pestalozzi de macaé“Temos um trabalho importante sendo realizado aqui, que traz contribuições  significativas para o dia a dia das pessoas, que encontram nos serviços oferecidos e na interação com os colegas, uma forma de superar suas próprias limitações. Isso que nos motiva e que contagia outras pessoas, como a doutora Lívia Lobo, que participa como voluntária, oferecendo gratuitamente consultas na especialidade de neuropediatria”, constata Lívia Terra, que assim como seus pais, mantém o trabalho sendo passado para as futuras gerações, já que seus filhos, Mateus, de dois anos e a pequena Mariana, com apenas dois meses, já a acompanham nas idas à Pestalozzi. Também participa dessa nova geração de entusiastas a neta de Oneida, Oneida Terra Neta.

Uma história marcada pelo amor ao próximo e por acreditar na capacidade do ser humano de ir além, assim a Pestalozzi Macaé segue contribuindo para uma sociedade mais inclusiva, em que as dificuldades são encaradas como desafios a serem superados!

Quem quiser conhecer o trabalho e colaborar com a Pestalozzi Macaé, é só entrar em contato pelo tel.: 22 2762-0300 ou pelo e-mail: pestalozzi.macae@yahoo.com.br

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