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Aeromodelismo

sex, 08/08/2014 - 11:17 -- Fernanda Pinheiro
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homens com aviões de aeromodelismo macaé

De longe, é possível ouvir o barulho dos motores. Ao nos aproximarmos, sob um céu de brigadeiro, vários aeromodelos começam sua aventura pelos céus. Os pilotos, com os pés no chão, têm os corações voando naquele céu limpo. São vários mini aviões, um desfile de cores, até parecem de brinquedo, mas nunca diga isso perto de um esportista da modalidade!

“O aeromodelismo, ao contrário do que a maioria pensa, não é uma brincadeira. São aviões de verdade, em escala menor, onde a real diferença é que não há uma pessoa dentro dele pilotando, ela está fora, à distância, mas no controle dos comandos. Toda a tecnologia empregada na fabricação de um avião de verdade também é empregada na construção de um aeromodelo. No começo, é necessário o auxílio ou de um instrutor de voo ou de um aeromodelista experiente face à dificuldade inerente ao hobby, periculosidade e outra infinidade de detalhes”, avisa o instrumentista industrial e aeromodelista Rovani Bevitori.

Chamado de esporte-ciência, o aeromodelismo surgiu no Brasil no final da década de 30. Os modelos eram quase todos de voo livre, sem motor, e o grande desafio era mantê-los no ar o maior tempo possível. Existiam os planadores, os modelos a elástico e aqueles com motores a explosão à gasolina, com um sistema que utilizava uma bobina de alta tensão, pilhas para a ignição e velas automotivas. Já na década de 60, apareceram os rádios multicanais e mais tarde, os digitais com comando proporcional, o que facilitou muito a vida dos aeromodelistas.

Com o advento das baterias de lítio e dos motores elétricos mais leves, menores e mais potentes, o esporte vem se tornando cada vez mais popular e ganhando adeptos na região. Estudo, dedicação e aprofundamento em áreas como matemática e física mostram que o aeromodelismo não aceita falhas, é preciso e direto. Para os adultos, um alívio da carga de estresse do dia a dia. Para as crianças e adolescentes, cada vez mais fissurados por um bom videogame, é uma oportunidade de melhorar a qualidade de vida e estimular seus reflexos e a inteligência.

Rovani e seu avião de aeromodelismoAqui em Macaé, os amantes do aeromodelismo formam a AMA – Associação Macaense de Aeromodelismo. Ramon Vilela de Moraes, junto de Rogério Coelho e Marcelo Araújo formam o grupo que a preside. Fundada em 2003, ela conta com cerca de 30 membros que se reúnem, semanalmente, na pista de voo que fica localizada na linha verde, bairro da Glória, em Macaé.

“Herdei o amor pelos aviões de meu pai. Ele me levava, com 12 anos, quase todo fim de semana ao aeroporto de Macaé para apreciar os pousos e decolagens... Era sempre mágico. Sem falar que, por vezes, nos deixavam entram nas cabines para ver como eram por dentro, seus instrumentos e tudo mais. O hobby consiste, basicamente, no avião (elétrico ou combustão), com rádio transmissor que fica em poder do aeromodelista e transmite os comandos para o receptor que fica no avião. Para voar é necessário uma gama de acessórios e ferramentas”, comenta.

Nos dias de voo, Rovani leva a esposa Taysa Bevitori e os filhos Luan, 11 anos, Luma, 10, Mallu de 5 anos e Gerran, de 15, para a pista. “Todos vibram com os voos e manobras e sofrem quando as quedas acontecem. Acho que, se não fossem os games eletrônicos, meus filhos se interessariam mais. Não dá pra competir... os tempos são outros. Mas, quando vem o fim de semana e o céu está limpo, voar com a família ao lado é espetacular...”, compartilha.

Existem dois tipos de aeromodelos. Os maiores são abastecidos a gasolina e os menores são feitos de isopor e têm motores elétricos. Os modelos elétricos podem ser praticados em qualquer lugar, mas os aeromodelos a gasolina exigem um local apropriado, distante das residências, para não representarem risco de acidentes. A globalização, que motivou o surgimento de mais fabricantes e mais concorrência, aumentou a acessibilidade às peças e barateou os custos, o que fez aumentar também o número de praticantes. “Na fabricação dos aeromodelos são empregados os mais variados tipos de materiais como madeira, plástico, isopor, borracha, metais, fibra de vidro, fibra de carbono, Kevlar entre outros. Independente do modelo e tamanho, os aeromodelos são comercializados completamente desmontados e pré-montados. Por conta disso, quem está iniciando vai precisar de muita ajuda de alguém com experiência porque vai mexer com colagem, cortes, soldas, pinturas, furações, além de manusear uma série de ferramentas. É quase um artesanato”, esclarece Rovani.

A prática também exige certos cuidados, como o uso de luvas para dar partida na hélice sem se cortar e precaução para que os olhos não sejam atingidos por pedras.

Para Ramon Vilela, que pratica o esporte desde 2010, o aeromodelismo é mais do que um hobby. Nascido no sul de Minas Gerais, em uma cidadezinha chamada Maria da Fé, o engenheiro deu asas ao seu sonho de voar por meio de um aeromodelo.

“Quando criança, sempre sonhei em seguir carreira militar, mais especificamente gostaria de ir para a aeronáutica. Mas o destino me mostrou a escola de engenharia. Quando fiz vestibular, fiz prova tanto para engenharia quanto para a área militar. Acabei seguindo engenharia. Mas, mesmo assim, sempre gostei muito de aviões. Tive a oportunidade de conhecer o aeromodelismo em um evento realizado em Itajubá/MG. Apresentaram-me o simulador de voo e o pessoal me deu algumas dicas. Comecei a frequentar a pista de lá e acabei comprando um avião poucos meses depois”, explica. O engenheiro tem um modelo asa alta treinador. “Já tive outros, mas o dédalos é muito dócil, com voo suave e pouquíssima manutenção”, complementa.

ramom e o filho murilo vilela com aviões de aeromodelismo

 

O mais legal é que Ramon dividiu sua paixão com seu filho Murilo, de 17 anos. Juntos, os dois somam habilidades e desfrutam do prazer que o esporte dá. “Essa paixão acaba gerando um aprendizado para os dois. Ele tem uma facilidade incrível com games. Por outro lado, tenho com a mecânica. Além de fortalecer o laço familiar pela troca de conhecimento, é muito bom estar com ele. Murilo tem dois aeromodelos: um uggly stick para brincar com manobras 3D e uma asa de combate, ou Zag, para voos de velocidade. Ele já pede um mais arrojado,” completa Ramon.

A rotina do aeromodelista não é fácil. Como, geralmente, os praticantes colocam seus aeromodelos para voar aos finais de semana, nos dias anteriores alguns preparos são essenciais para um bom dia de voo. Ramon e Murilo carregam baterias, verificam se os aviões estão em ordem... “Às vezes, um ou outro precisa de uma  colinha ou ajuste. Nos finais de semana, logo cedo, juntamos a tralha toda e seguimos para a pista. Já no caminho, vamos analisando as condições de vento.”

Quanto custa

Tem avião para todos os gostos e bolsos. Mas é possível iniciar com menos de R$ 500, segundo Ramon. “Para voar é necessário adquirir um rádio, também chamado de transmissor; o avião, onde será instalado um componente chamado de receptor; o motor e, finalmente, baterias ou combustível. Essa compra inicial é mais cara por causa do rádio. Se for um motor a combustível, também sairá um pouco mais caro. Este conjunto pode chegar desde R$ 500 até R$ 1.500”, explica.

Atualmente, os motores elétricos são mais comuns. Isso porque este motor não requer ajuste e nem manutenção, além de ser mais barato. O lado negativo é a necessidade de mais baterias para manter a mesma autonomia de voo.

homem mexendo no avião de aeromodelismo“Com relação ao avião somente, há modelos construídos de isopor de alta densidade ou plástico, também conhecidos como pastinha e balsa. Aviões de isopor, como o meu, custam, em média, R$ 200. Os de balsa podem chegar a R$ 1.500. Já no rádio, a variação de preço se dá em função das funcionalidades e marca. O básico de 4 canais também pode ser encontrado por R$ 200, podendo chegar a 15 canais, que são os profissionais”, continua.

Os kits são vendidos com as peças separadas ou completos na internet. Para montar, pode-se contratar um técnico especializado para isso, geralmente alguém, que já pratique aeromodelismo. É sempre aconselhável pesquisar, procurando quem entende mesmo do assunto antes de comprar, pois existem muitas peças ruins disponibilizadas na internet. Uma das mais recentes  novidades, muito bonitas de se ver, são os aeromodelos com led, feitos para voos noturnos.

“Aqui na região, o mais difícil é a reposição de peças após queda. Mas só cai quem voa, não é mesmo?”, brinca Ramon.

Para quem ficou com vontade de criar asas junto desses pilotos, procure a AMA por meio do Facebook ou dê um pulinho na pista e converse com esses especialistas! Eles irão indicar os modelos, peças e componentes mais adequados e com a melhor relação custo/benefício.

 

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