É com a frase “a Associação salvou a minha vida” e com os olhos cheios de lágrimas que a ex-assistida Juliana Sigmaringa define o trabalho realizado pela Associação Maria Visita Isabel, organização filantrópica que tem como foco acompanhar e ajudar gestantes em vulnerabilidade social e emocional.

Criada em 2007, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, pela devota Silvana Silveira, a organização veio de uma experiência pessoal e espiritual, como ela conta. “Na minha terceira gestação, eu me sentia muito sozinha. Meu marido era petroleiro, e eu não tinha familia em Macaé, então eu rejeitava essa criança. Estava desestabilizada emocionalmente. Mas Deus vê tudo e, dessa minha experiência, hoje podemos ajudar muitas gestantes que também precisam’’, diz.

Silvana conta que, logo que sua filha nasceu, se apaixonou por ela, mas que algo ainda continuava a falar com ela por dois anos e meio, como uma ordem. Então, procurou o padre e disse a ele que precisava fazer alguma coisa, mas não sabia o quê, apenas que precisava orar pelas grávidas. Então, foi aconselhada a escrever sobre o que sentia e pensava, e assim nasceu o Movimento Maria Visita Isabel.

Ela conta também como e porque a Associação tem esse nome. “Logo no começo da minha gravidez, e ainda sem saber que estava grávida, mas já me sentindo triste, fui pedir oração para duas irmãs na igreja. E, na oração, elas me deram essa passagem da bíblia em que Maria, grávida de Jesus, visita Isabel, que também esperava João Batista. E nessa visita acontece algo extraordinário e a bíblia diz que Isabel foi inundada pelo Espírito Santo, e que a visita de Maria trouxe alegria e renovo para Isabel’’, conta.

É com fé, e a esperança de trazer também alegria e renovo para gestantes que precisam, que a organização acolhe e transforma vidas há 18 anos. Após 14 anos como um movimento dentro das igrejas, a associação hoje possui uma sede própria e se mantém com a ajuda de voluntários e mantenedores. Com um trabalho especial de doação de roupas para mamães e bebês, palestras com temas voltados para a maternidade, cursos, doação de fraldas, banheiras, móveis e até um pequeno enxoval.

Fruto da associação, a enfermeira Juliana Sigmaringa conta que, ao descobrir a sua gravidez, estava cursando Técnico de Enfermagem e pensou em entregar a filha pra adoção. “Eu já tinha 4 filhos (duas meninas, uma de 20 e outra de 17, e dois meninos de 5 e de 3 anos) e estava no auge do meu curso, achando que nada ia me impedir. Pra mim, aquela era a chance de mudar minha vida, de melhorar um pouco a minha vida e dos meus filhos. De repente, eu descubro que estava grávida e meu mundo desabou. Eu já não conseguia dar ‘bens materiais’ para os meus filhos e ainda estava vindo mais um. Então, decidi colocar aquela criança pra adoção e fui até o Fórum realizar o processo’’, conta.

Com 7 meses de gravidez, Juliana conta que não tinha nada para a criança e nem tinha condições de comprar. “Na época, vivíamos com o auxílio e um pequeno salário do meu marido, que me ajudava a cuidar das crianças para eu poder estudar. Ele me apoiou e disse que cuidaria de mais um, eu aceitei, mas não tinha esperanças e me culpava. Me achava irresponsável por ter engravidado de novo, pensando até em tirar a minha vida’’.

Foi então que sua filha viu uma divulgação da MVI e ela resolveu ligar. “Eu cheguei aqui arrasada, com tudo decidido de colocar minha filha pra adoção. Eu nunca tinha ganhado nada, pra nenhum dos meus filhos. Vim pra cá e ganhei tudo dela, ela tem roupa até um 1 ano e meio daqui. E não foi só o material, foi o carinho que elas têm com as grávidas. E elas não pedem nada em troca. Você não precisa fazer nada, elas dão sem olhar a quem, sem te cobrar nada. Não foi só o material, foi o amor”, conta acrescentando que hoje ela está formada em Técnica de Enfermagem, trabalha na área, agora está na faculdade cursando Terapia Ocupacional e é mãe de mais uma bebê de 9 meses, a Ana Vitória.

A associação está aberta todo primeiro sábado do mês, com Café, Palestras e o Cata Cata, onde são disponibilizadas roupas de bebê, roupas de camas e sapatinhos para que as gestantes escolham suas peças e levem para seus bebês. No terceiro sábado do mês também é realizado atendimento para um pequeno grupo que precisa de ajuda específica. A vice-presidente, Vanusa Medeiros, explica que todas as gestantes são cadastradas, passam por atendimento individualizado, para que o grupo possa entender a realidade e a necessidade de cada uma.

Para ajudar mulheres e mudar histórias como a de Juliana, a organização conta com doações de parceiros, voluntários e mantenedores. “Para pagar o aluguel da casa temos 15 mantenedores, recebemos também doações da Escola Ativo com fraldas, e doações livres. Além disso, temos os voluntários que nos ajudam aqui aos sábados e os profissionais voluntários que muitas vezes se oferecem para dar cursos e palestras para as futuras mamães, como nutricionistas, enfermeiras, obstetras e outros profissionais. Toda ajuda é bem-vinda’’, explicam Silvana e Vanusa.

Quem quiser ajudar com doações pode entrar em contato pelo telefone 22 99909-4331 ou pelo Instagram: @ associacaomvi. A Associação Maria Visita Isabel fica localizada na Alameda do Bosque, 35, na Granja dos Cavaleiros.