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Os benefícios de incentivar a leitura na infância

ter, 27/09/2016 - 11:16 -- Leila Pinho
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Fotos: Alle Tavares
adolescente lendo deitada na cama, no quarto

Enquanto se refrescava na água morna da banheira, aos 5 meses de idade, Mariana Silvestri Puget olhava curiosa seu primeiro livrinho. A mãe banhava a filha, narrava a historinha e as figuras coloridas do livrinho de banheira fascinavam a menina. Essa é a lembrança mais remota que a mãe dela, Germana Silvestri Puget, de 42 anos, tem da filha com os livros. Certamente, o amor que Mariana iria construir mais tarde com o universo literário teve a influência dos momentos de leitura estimulados pela família.

“Ela gostava do objeto, das cores vivas. Quando Mariana tinha mais ou menos um ano e meio, ela contava a história do Patinho Feio certinha, de acordo com cada página. Quer dizer, ela gravou o que a gente contava e percebeu pela entonação e pelas paradas, a parte exata de cada página”, recorda Germana. Hoje, com 10 anos, Mariana mostra, com satisfação, a coleção de 11 livros da série “O diário de uma garota nada popular”, os prediletos dela.família com crianças lendo

Para a psicopedagoga Patrícia Pascoal D’Assunção Certório, o incentivo da família, desde os primeiros meses de vida, é fundamental para a formação dos leitores. “Quanto mais a criança se sente envolvida pela família, mais ela vai adquirir o hábito da leitura naturalmente. A criança fica mais motivada quando o ambiente é favorável, quando a leitura é saudável e com isso, o ato de ler ganha mais significado para ela”, esclarece Patrícia.

Ela, que também é coordenadora pedagógica do Colégio Castelo, ressalta os diversos benefícios da prática de ler para os pequenos: torna o vocabulário mais rico; contribui para facilitar a assimilação de novos conteúdos e saberes; deixa a criança mais aberta para aprender coisas novas; e, na hora da produção de texto ajuda a escrever com mais propriedade, o que torna as palavras mais plenas de significado para ela. “No texto que eles produzem, a gente percebe as inferências criativas, o texto se torna mais rico porque a leitura estimula a criatividade”, comenta a coordenadora pedagógica.

turma de alunos do colégio Castelo Macaé

Conforme conta Mariana, a sensação ao ler é prazerosa. Ela gosta porque se distrai, fica sabendo de várias histórias e aprende novas palavras. “Se eu leio alguma palavra que não conheço, logo pergunto para minha mãe ou procuro o significado na internet”, diz a menina.

Alguém já disse que quem lê, escreve melhor. Esta lição, Mariana já aprendeu e praticou. Na casa da avó materna, Maria Cecília Silvestri, a garotinha teve um estalo enquanto a avó varria o chão. “Ela me disse: — Nossa, nunca vi tanto cabelo! Parece até que o mundo vai acabar em cabelo. Daí eu falei: — Vó, vamos escrever um livro com esse nome? ‘O mundo quase acabou em cabelo’, recorda Mariana.

Quem também arrisca algumas letrinhas, em forma de poesia, é Maria Luíza Oliveira Carvalho, também com 10 anos. Desafiada pela equipe de reportagem da DiverCidades a escrever um poema sobre a leitura, ela prontamente aceitou e cumpriu a tarefa. “Na leitura tudo começou / E até agora não terminou / E é por isso que meus poemas não vão acabar / Porque é a leitura que me faz imaginar”, escreveu a menina.

A mãe dela, a enfermeira do trabalho Girlane Oliveira Andrade de Carvalho, de 40 anos, fica toda orgulhosa com a habilidade da filha. “Ela começou a estudar poesia no 3º ano e se encantou. Ela tem facilidade de rimar e faz cada poema lindo. Sinto-me realizada de ver isso”, diz.

família com filhas no colégio castelo macaé

Para Girlane, o costume de ler para a filha, mostrar os livrinhos e pedi-la para inventar histórias quando ela ainda era muito pequena, surtiu bons efeitos. A mãe acredita que a leitura é fundamental para o crescimento pessoal e para o amadurecimento. Atualmente, além das poesias, a menina se diverte com títulos de culinária. Segundo conta a mãe, Maria Luíza fala que vai ser poetisa, escritora ou chef de cozinha. “Acho que ela vai ser mesmo do mundo das artes”, opina Girlane.

O papel da escola no estímulo à leitura

A psicopedagoga Patrícia faz questão de ressaltar: “o ato da leitura é mais responsabilidade da família do que da escola. Desde pequenos, os pais precisam incentivar seus filhos e possibilitar o contato com os livros”. Com a escola, fica a responsabilidade compartilhada e o dever de reforçar o trabalho feito em casa.

No Colégio Castelo, o projeto “Gente que Lê” funciona nas turmas do 1º ao 5º ano e abrange crianças de 6 a 11 anos. A ideia é promover uma ciranda de livros e fazer com que cada aluno leia um por semana. Além da leitura, a escola promove atividades relacionadas, como transformar o título lido numa história em quadrinho, escrever uma carta para o autor, etc. Segundo explica Patrícia, o projeto toca o saber e o querer da criança e incita a produção textual, tornando a aprendizagem mais agradável e significativa para os pequenos.

O livro físico na era digital

A facilidade de acesso ao livro não se dá somente pelas bibliotecas das escolas ou pelos empréstimos dos colegas e amigos, mas também pelo meio virtual. Atualmente, aplicativos, sites e dispositivos permitem ter acesso a diversos tipos de obras. Há crianças que preferem o livro físico e há as que optam pelo digital. Preferências à parte, o mercado editorial ensina que uma coisa influencia a outra.

De acordo com o ranking dos livros mais vendidos em 2016, no Brasil, quatro são de YouTubers, celebridades que têm canal no YouTube e milhões de seguidores. A pesquisa foi realizada pela empresa GFK, especialista em estudos de mercado sobre o setor. O livro mais vendido deste tipo é o “AutenthicGames – Vivendo uma Vida Autêntica”, de Marco Túlio.  Ele criou um canal no YouTube para falar sobre os jogos que gostava, ensinar estratégias e caiu nas graças das editoras.

lais e ariadne na livraria litteratum macaé

Em Macaé, na Litteratum Livraria & Café, esta é uma das obras mais comercializadas também. “Esses livros esgotam rápido nas editoras. Tem vários de YouTubers muito procurados aqui, como o “Papo de Menina” e, também o de atores famosos como “ O Diário de Larissa Manoela”, ressalta a sócia-proprietária da Litteratum, Lais Lemos.

Fora do campo das celebridades da internet e da mídia, a diversificação de materiais e de estímulos aos sentidos presentes nos títulos da seção infantojuvenil também atraem a atenção da criançada. “Hoje, tem livros de todos os tipos: musicais, emborrachados para colocar na banheira, de pano, em formato de travesseiro, de pop up, e muitos outros”, fala Ariadne Silvares, também sócia-proprietária da livraria.

Antes mesmo de abrir a loja, Ariadne e Lais já sabiam que o público infantojuvenil seria um forte nicho de consumidores, tanto que ela possui uma seção dedicada aos títulos para esta faixa etária. Segundo as sócias relatam, as crianças entram na livraria e ficam fascinadas com a diversidade de exemplares, os formatos, as cores e gostam de interagir com o material.

Dicas para estimular os pequenos a gostarem de ler

  • Mesmo que seu filho ainda não saiba ler, dê a ele livrinhos, estimule o contato físico com o objeto e leia para ele;
  • Leve a criança até as livrarias e bibliotecas;
  • Ofereça livros aos seus filhos e facilite o acesso aos exemplares;
  • Dê livros de presente e faça dessa ação um ritual que seja atrativo para os pequenos, como embrulhar numa caixa ou papel bem bonito;
  • Mostre títulos que sejam do universo de interesse da criança, assim ela se sentirá mais motivada a ler. Se o menino gosta de futebol, mostre a ele os livros do tema;
  • Antes de dormir, mantenha o hábito de ler para as crianças.

Comentários

Enviado por Naelcia Critina... em
Parabéns aos familiares de Mariana e Maria Luiza pelo incentivo ao mundo da leitura. Meninas o mundo é todinho de vocês que com certeza ficará mais bonito com as suas histórias.

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