Mulheres derrubam tabus da menopausa e encontram caminhos para conviver com mais qualidade de vida esta fase que foi temida por anos
Mulheres derrubam tabus da menopausa e encontram caminhos para conviver com mais qualidade de vida esta fase que foi temida por anos. (Foto Bianca Costa)

Menopausa, Um novo começo

A menopausa é o fim de um ciclo natural da vida da mulher que se caracteriza pela falência ovariana, ou seja, quando os ovários não produzem mais os hormônios femininos. Apesar de ser uma fase, ela é repleta de tabus e preconceitos. Nos últimos anos, mulheres começaram a falar sobre o tema e artistas e influenciadoras entraram na campanha para expor como os sintomas afetam o seu dia a dia, formando uma rede potente de informação, conscientização e apoio.

Luciana de Biase começou a sentir o fogacho à noite, fez exames e descobriu que estava entrando no climatério. Começou a fazer a reposição hormonal subcutânea e está se sentindo super bem (Foto Alle Tavares)

Devido a todos os sintomas que a mulher sente nesse período, construiu-se o tabu da invisibilidade da menopausa, que pode levar à vergonha, à evasão do mercado de trabalho, ao preconceito de gênero em relação à idade e à falta de vontade de falar sobre o assunto.

De acordo com a médica ginecologista, Dra. Fernanda Morais de Andrade, a mulher começa a perder a qualidade dos hormônios a partir dos 35 anos e, a partir dos 40, isso se intensifica. “Os sintomas começam a aparecer de forma mais branda. Os primeiros normalmente são o cansaço, diminuição da libido, ressecamento vaginal, alterações no cabelo e unha… Depois, vêm os sinais do climatério, que seriam: insônia, instabilidade emocional, diminuição do ganho de massa muscular, aumento de peso, flacidez de pele e os famosos fogachos, que não são calores normais”, explica.
A ginecologista informa que a menopausa é decretada quando a paciente fica sem menstruar por 12 meses consecutivos. Já o climatério, é o período em que geralmente aparecem os sintomas, mas a paciente ainda tem a menstruação regular ou irregular.

A médica Luciana De Biase Guimarães começou a sentir o fogacho, uma sensação de calor que a acordava à noite. “Conversando com a Dra. Fernanda sobre o que eu estava sentindo, ela indicou fazer alguns exames para verificar se eu estava entrando no climatério. Eu não desconfiava, porque menstruava normalmente. Quando os exames chegaram, veio a constatação de que eu realmente estava nesse período, para a minha surpresa”, revela.

Luciana conta que, após uma boa conversa com a ginecologista, ela decidiu iniciar a reposição hormonal. “Eu faço a reposição hormonal através do implante subcutâneo, que é fantástico. É um implante do tamanho de um grão de arroz que libera o hormônio devagar na corrente sanguínea, mantendo o seu platô normal para que eu não tenha a sintomatologia. Desde que comecei o tratamento, me sinto maravilhosa, sem os sintomas e não tive reação ao tratamento”, esclarece.

Maria Luiza Lemos faz reposição hormonal para amenizar os sintomas do climatério, associada a um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e atividade física. (Arquivo)

Luciana espera poder passar pelo climatério e menopausa com qualidade de vida e de proporcionar ao corpo uma passagem tranquila por esse período, com bastante disposição, realizando 100 % das atividades do dia a dia.

A empresária Maria Luiza da Silva Lemos começou a reposição hormonal aos 40 anos e, aos 45, os sintomas do climatério aumentaram. “Com o tratamento, a qualidade de vida volta, você fica com a energia renovada. Posso dizer que estou na minha melhor fase, não me troco por quando tinha 30 anos. Estou bem e feliz”, frisa.

Maria Luiza disse que um dos primeiros sintomas que teve foi a insônia, seguida de cansaço, depressão, ressecamento dos olhos e da pele, além de muito calor à noite. Hoje, aos 51 anos, ainda não entrou na menopausa e faz consulta de seis em seis meses para ajustar os hormônios. Ela procura manter um bom estilo de vida, com alimentação balanceada, atividade física e qualidade do sono.

Quando eu falo para as minhas amigas a mudança que eu tive após a reposição hormonal, muitas não acreditam. Hoje, não me preocupo com a menopausa, pois sei que posso usar hormônio no pós-menopausa e que terei muita energia para viver”, avalia.

Dra. Fernanda explica a evolução do tratamento hormonal. “Antigamente, a menopausa era uma coisa que a gente evitava ao máximo tratar, porque só havia hormônios sintéticos e os malefícios eram muito maiores que os benefícios. Havia também, e hoje ainda existem no mercado, os fitoterápicos, mas que não tinham uma eficácia tão grande. No máximo, eles minimizavam os sintomas. Hoje em dia, a gente fala de hormônios bioidênticos, ou seja, eles têm a mesma forma química e molecular dos hormônios humanos. A segurança é muito grande. Eles podem ser prescritos em três vias: sublingual, transdérmica e implantes hormonais,” afirma.

Cláudia Cardoso, de anos, começou a sentir os sintomas aos anos, mas que não foi nada muito intenso. Quando foi decretada a menopausa, ela sentiu como se sua feminilidade tivesse ido embora, fez terapia e hoje encontra-se plena. (Foto Alle Tavares)

Apesar dos sintomas do climatério afetarem grande parte das mulheres, algumas pessoas passam por essa fase sem perceber os sintomas.

A professora Cláudia Cardoso, de 60 anos, conta que passou por ele de forma bem tranquila, mas diz que foi um baque quando descobriu a menopausa. “Comecei a sentir os sintomas aos 45 anos, mas não foi nada muito intenso, que tenha alterado a minha rotina. No entanto, quando foi decretada a minha menopausa, senti um vazio. Parecia que a minha feminilidade tinha ido embora. Na minha época, a menopausa era um tabu e o emocional foi afetado. Comecei a fazer terapia após a menopausa e, hoje, eu posso afirmar que existe muita vida após a menopausa”, destaca.

Ana Cristina Gama achou que os sintomas do climatério fosse reflexo de uma situação de estresse com a saúde dos pais. Ao fazer os exames, descobriu que já estava na menopausa. Hoje, faz reposição hormonal e atividades físicas como natação. (Foto Alle Tavares)

Cláudia avalia que passar pelo climatério não foi tão difícil para ela. “Eu sempre tive uma alimentação regrada, uma vida espiritual ativa e o médico disse que eu não poderia parar de fazer atividade física. Apenas dois anos após a menopausa que comecei a fazer a reposição hormonal. Fiz cinco anos de tratamento e agora faço suplementação de magnésio e sais minerais”, explica.

A farmacêutica e empresária Ana Cristina de Lacerda Gama Soares, 55 anos, passou pelo climatério praticamente sem perceber, aos 49 anos, pois estava muito envolvida com a saúde dos seus pais, que estavam doentes e isso durou uns seis meses, quando sua menstruação parou de descer. Mas como estava muito atribulada, não se atentou a isso. Só depois do falecimento do pai, decidiu procurar uma médica, fez todos os exames e descobriu que já estava na menopausa. “Na verdade, estava tão sobrecarregada com a doença dos meus pais que achei que os sintomas do climatério (dormir mal, baixa de libido e ressecamento vaginal) fossem consequência do estresse que eu estava vivendo”, conta.

A ginecologista Fernanda Moraes de Andrade diz que os sintomas começam a aparecer de forma mais branda, coo cansaço, diminuição da libido, ressecamento vaginal, alterações no cabelo e unha. (Foto Alle Tavares)

Ana aderiu à reposição hormonal e também fez sessões de laser para melhorar o ressecamento vaginal. “A reposição hormonal, para quem não tem contraindicação, é a salvação! Em relação ao laser, me ajudou muito, senti bastante diferença e, atualmente, faço uma vez por ano para manutenção. Outra coisa que ajuda bastante são produtos destinados ao cuidado íntimo. Sou super adepta ao uso de hidratantes, sabonetes específicos, entre outros produtos”, revela.

Dra. Fernanda destaca: “Acho que a mulher não deve decretar que envelheceu porque entrou na menopausa. Hoje em dia, nossa expectativa de vida é 80/90 anos e a gente entra na menopausa no meio da vida. Então, teremos que viver metade da nossa vida sem qualidade, sem disposição, sem vida sexual ativa? Não… Nosso objetivo é que a gente mantenha tudo isso da melhor maneira possível. Temos que abrir a nossa mente para essa nova realidade das mulheres”, finaliza a médica.

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