Edição 60/2022
Texto: Ane Ramaldes
Só tem resultados consistentes quem tem uma base sólida. E só tem base sólida quem tem equilíbrio emocional. Juntar esses dois aspectos sempre esteve no propósito do Colégio Aprovado, que há 10 anos busca as melhores práticas educacionais para desenvolver alunos felizes, seguros e preparados.
Vários são os projetos desenvolvidos pela escola nesse sentido, como o Laboratório Inteligência de Vida (LIV), a presença de psicólogas proativas e a capacitação permanente da equipe. Na semana entre 11 e 14 de julho, a escola realizou mais uma edição da sua semana de capacitação pedagógica com seus profissionais, numa grande imersão de conhecimento e práticas.
Na programação, uma convidada especial esteve presente: a professora Marta Relvas, doutora e mestre em Psicanálise, neuroanatomista, neurofisiologista, psicopedagoga e especialista em Bioética. Escritora de vários livros da área, ela esteve com os professores conversando sobre como a neurociência e uma educação positiva podem impactar a vida de uma criança e transformar o ambiente educacional.
Nesta breve entrevista, ela explica alguns aspectos do papel da neurociência na educação.
Depois de dois anos de afastamento, foram geradas muitas expectativas em relação às possíveis perdas pedagógicas e emocionais. Qual é o papel da escola neste momento?
O fato é: não podemos voltar da mesma forma que saímos em 2020. Agora, além da função de desenvolvedora intelectual, social, motora e cognitiva, faz parte do repertório da escola contribuir no desenvolvimento socioemocional dos alunos. Ou seja, a escola pós-pandemia precisa não apenas aplicar as competências técnicas, mas conhecer as questões que envolvem as emoções e as afetividades. E isso passa por compreender que cada um tem um cérebro específico, que carrega memórias diferentes, armazena informações diferentes e processa percepções de maneira diferente. Quando trazemos essa questão à tona, esse processo passa pelo nosso autoconhecimento, pelo autoconhecimento da família e pela escuta emocional dos nossos estudantes.
Como a neurociência busca auxiliar a educação, na prática, no processo de aprendizagem?
A neurociência não vem para resolver todos os problemas na educação, mas nos dá um olhar muito sensível, aguçado e desenvolvido de potencialidades e conectividades neurais para que a gente possa explorar, por meio de metodologias e abordagens ágeis dentro da prática pedagógica, uma composição dessa conectividade com coerência, contextualização e motivação para os nossos estudantes. É claro que o professor educador precisa estudar, pois temos dentro dessa composição o olhar das dificuldades e dos transtornos também, o que nos dá essa relação de diferenciar e estabelecer contextos metodológicos nas questões de neurodiversidade na nossa sala de aula.
Buscamos constantemente a qualidade de vida, porém temos uma rotina exaustiva, com agendas lotadas... Como podemos aliar qualidade de vida com as obrigações diárias?
Quando falamos em qualidade de vida, precisamos pensar nos estímulos que promovem dopamina, serotonina e ocitocina e, consequentemente, nossa vontade de fazer e de gerar a ação. Nesse sentido, existem caminhos que podem ser trabalhados. Primeiro, o que a neurociência nos diz é sobre a importância do exercício físico, já que músculos estimulados produzem neurotransmissores ligados ao bem-estar. Segundo, é em relação à qualidade da nossa nutrição. Nos alimentamos muito, mas nos nutrimos mal. E um terceiro aspecto seria a qualidade dos estímulos que estamos deixando entrar em nossa vida, os quais, uma vez alojados, podem causar desequilíbrios emocionais ou não. Portanto, os conselhos que ficam são: pratique a leitura e a escrita, tenha uma boa qualidade de sono e ajude a desenvolver desde a infância o momento do silêncio, de ficar sozinho, diminuindo a avalanche diária de informações e estímulos.
COLÉGIO APROVADO
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