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Vânia Tolipan

sex, 02/05/2014 - 09:42 -- Leila Pinho
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Foto Gianini Coelho
alunos do portadores de alegria de macaé

Bailarina, esposa, mãe, avó, conselheira atuante, empreendedora cultural, administradora, e macaense de coração. Muitas são as facetas de Vânia Tolipan, mulher de fibra, que nasceu em Campos dos Goytacazes, e que trilhou caminhos diversos em Macaé, marcando gerações e toda a comunidade.

Com três anos de idade, Vânia teve os movimentos das duas pernas afetados em função de uma paralisia infantil. Mesmo com a limitação, ela nunca deixou de ter uma vida ativa e normal. A deficiência física a levaria, décadas mais tarde, a levantar bandeira por uma importante causa social, a dos portadores de necessidades especiais.

Os laços que ligam Vânia a Macaé começaram a ser entrelaçados no final da década de 1970, quando junto com o marido Vasco Cabral de Oliveira e os dois filhos — Hugo Tolipan de Oliveira e Marcos Frederico Tolipan de Oliveira, mais conhecido como Fred — vinha até a cidade passar as férias. Nessa época, ela ainda morava no Rio de Janeiro. Os verões macaenses eram tão bons que os Tolipan se apaixonaram pelo município. A decisão de residir em Macaé não demorou a ser tomada e no início da década de 1980 a família toda se mudou para cá.

Foto arquivo pessoal de Vânia Tolipan

vania tolipan com gabeiraA ideia de abrir um negócio na cidade começou a tomar forma logo quando se instalaram. Assim, surgiu a ‘Casa do Chocolate’, nos anos de 1980, que vendia chocolates, vinhos e queijos. O local se tornou o point dos jovens das décadas de 1980 e 90, em Macaé. “Embora fosse um bar, o ambiente era bem família. A “Casa do Chocolate” virou uma referência de encontro para os jovens daquela época.”, recorda Vânia. O negócio familiar — era administrado pelo casal Tolipan e os dois filhos — caiu no gosto da garotada e foi palco de muitos flertes, namoros e até casamentos.

Do sucesso da “Casa do Chocolate” nasceu o “Garota Chocolate”, um concurso de beleza que fazia sucesso entre os rapazes e moças e criava muita expectativa na cidade inteira. O desfile da “Garota Chocolate” era um evento muito aguardado e super disputado. Durante os 17 anos de existência, a loja teve dois endereços, sendo o da primeira fase na rua Francisco Portela e, da segunda, na rua Doutor Júlio Olivier, onde hoje está o Portadores de Alegria. “Os jovens da época falam que foram praticamente criados naquela casa. Até hoje, encontro com essas pessoas que agora são médicos, advogados, e eles me chamam de tia Vânia e o meu marido de tio Vasco. Ainda hoje tem esse vínculo e acho isso muito bonito”, conta.

No fim da década de 1990, Vânia e Vasco abriram a sorveteria “É de Chocolate”, na Imbetiba, que funcionou concomitante com a “Casa do Chocolate”. Com a intensa jornada diária por cuidar de dois comércios, Vânia foi orientada por médicos a parar de trabalhar porque as atividades estavam prejudicando o movimento das pernas. Por isso, no fim dos anos 90, a “Casa do Chocolate” e a sorveteria “É de Chocolate” fecharam.


Atuação social

Com o fim das lojas, Vânia começou a atuar mais nas causas sociais. Ela foi uma das fundadoras do Conselho Municipal de Assistência Social de Macaé (COMAS), em 1999 e a primeira presidente do órgão. “Fizemos uma reunião para definir as pessoas que iriam estruturar o COMAS. Então, eu, Alba Corral, Fátima Candeco e outras pessoas fomos escolhidas.”

Não demorou muito para que Vânia também ajudasse a fundar o Conselho Municipal de Proteção aos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CMPDPD), em 1996. Ainda hoje, ela atua como conselheira no COMAS, no CMPDPD e no Conselho Municipal de Cultura. “No conselho, nós temos o mesmo peso que o poder público. A gente pode falar e opinar. O papel dos conselhos é fundamental porque traz a realidade do que está acontecendo no município para discussão e mostra aos governantes a importância de discutir as políticas públicas.”


Portadores de Alegria

espetáculo de dança do portadores de alegria deficientes

Os olhos de Vânia brilham ao falar do Núcleo de Dança Portadores de Alegria, sua verdadeira paixão. Em 1999, ela fundou o grupo junto com Ademir Martins, Oyama Queiroz, Jamerson Bandeira e Nildair Silva, e ensinou que os deficientes também podiam dançar. No grupo, ela se tornou bailarina e descobriu que a verdadeira inclusão social se dá quando a pessoa com deficiência tem a oportunidade de mostrar o que é capaz de fazer. O Portadores de Alegria atende 32 alunos com deficiência, gratuitamente, e promove a inclusão social por meio da arte, da dança e do esporte. O projeto realiza atividades como dança, teatro, natação, etc., com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da pessoa com deficiência.

Ela tem muito orgulho dos espetáculos apresentados pelo grupo, dos troféus e medalhas conquistadas. “O núcleo não é só a dança. A dança é uma consequência de tudo que fazemos diariamente. A gente trabalha a recuperação dos movimentos, da autoestima e a valorização dos alunos”, pondera Vânia. 

O trabalho realizado por Vânia tem importância não apenas local. Como reconhecimento pela atuação social e a luta pelos direitos da pessoa com deficiência, ela recebeu o Prêmio Betinho Atitude Cidadã 2012. A premiação valoriza iniciativas sociais do país todo e a escolha dos vencedores se dá pelo público, que vota pela internet. “Foi um reconhecimento porque foram as pessoas do Brasil inteiro que votaram. Fiquei muito feliz. Essa foi uma conquista que tem não preço, ainda mais por levar o nome do Betinho. Isso dá ainda mais força pra gente continuar”, diz, emocionada.


Família

Foto arquivo pessoa de Vânia Tolipan

vania com o filhoVânia é a única mulher entre os sete homens da família: o marido, os dois filhos e os quatro netos. Ela ama ser avó e sente muito orgulho dos netos Pedro, filho de Fred, e Danilo, Murilo e Guinho, filhos de Hugo. Fez, e ainda faz parte da rotina dela, envolver a família em tudo.

Na Pousada Casa e Café, gerenciada pelo marido, ela ajuda a receber os hóspedes e a preparar comidas. No núcleo, os netos convivem com os alunos e até auxiliam na organização de algum espetáculo. Em todas as fases pelas quais passou, Vânia sempre contou com o suporte do marido, filhos e netos. “Minha família me apoia e compra a causa junto comigo. Sem eles e os meus amigos, não sei o que seria de nós (Portadores de Alegria). Isso é o que nos dá força para seguir porque ninguém consegue fazer nada sozinho”, finaliza Vânia.

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