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Edição 61/2022
Texto: Renatta Viana

A aromaterapia é um recurso terapêutico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A técnica é uma linha complementar de tratamentos de saúde que faz parte das Práticas Integrativas e Complementares (PICS), utilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Imagine usar todo o encanto e magia do aroma de flores, frutos e outros vegetais a seu favor? Os aromas podem trazer inúmeros benefícios para a saúde quando aplicados na aromaterapia, através de óleos essenciais extraídos de plantas aromáticas.

O que é a aromaterapia e como ela funciona?
Essa arte secular envolve a extração, mistura de óleos e compostos vegetais, para restabelecer o bem-estar físico e emocional das pessoas, podendo também, seguir uma linha mais ampla e holística. Na prática, as substâncias que compõem o aroma dos óleos desprendem partículas que estimulam as células nervosas. Esse estímulo ativa áreas do cérebro relacionadas às emoções e ocasionam reações fisiológicas no organismo.Melody Faustino se especializou em aromaterapia, mas também estudou psicoaromaterapia, perfumaria botânica e ancestral, cura prânica e Reiki. Como terapeuta integrativa, sua visão é de que a aromaterapia se integra com facilidade em diversas práticas, complementando a saúde. Usar a aromaterapia com intenção fortalece e favorece os processos de “cura interior”, permitindo cuidar e equilibrar o corpo físico, mental, vibracional e espiritual.
“Os óleos essenciais são substâncias químicas voláteis, 100% naturais, que promovem o bem-estar e aliviam sintomas inúmeros como câimbras, inchaços, enjoos, ansiedade, insônia, depressão, alergia cutânea, gripe, dor de cabeça, estresse nervoso, promovem sensação revigorante, melhoram a saúde da mulher e muito mais, além de fortalecerem as defesas do corpo”, conta.
Laila Lopes da Silva Bastos, paciente da Melody, recebeu seu protocolo para uso pessoal e para seu filho Natanael, de 4 anos. Depois de várias tentativas clínicas, ela buscou opções alternativas de tratamento para asma e bronquite que o filho apresentava, e que fugisse um pouco da dependência dos fármacos.“Num primeiro momento, o Natanael apresentou um quadro de bruxismo e com 20 dias de tratamento, tivemos uma resposta positiva em relação à qualidade de sono e melhora do ranger dos dentinhos. Num segundo momento, foi a busca pela qualidade de vida no inverno. Fizemos uma avaliação respeitando os gostos dele e realizando o teste de sensibilização olfativa”, descreve Laila.

Covid-19 - Aromaterapia para tratar perda de olfato
A perda passageira do olfato, também conhecida como anosmia, é o principal sintoma neurológico e um dos primeiros e mais comuns entre os indicadores da Covid-19. Há diferentes graus para a perda olfativa que pode ocorrer em qualquer fase da doença. Para o tratamento, há uma conduta no uso de aromaterapia na reabilitação olfativa. Dra. Elisa Arantes é médica otorrinolaringologista e conta que recebeu vários pacientes com sequelas pós-Covid de perda do olfato e do paladar no período da pandemia.Ela iniciou uma pesquisa sobre aromaterapia e suas aplicações terapêuticas após fazer um curso com a aromaterapeuta Paula Siquara, do Atelier La Morenita. Após alguns insights, desenvolveu com Paula um “Kit Olfativo” e passou a oferecer aos seus pacientes, com óleos essenciais de rosas, cravo, eucalipto e limão em forma de bastões inaladores individuais já com aromas padronizados. A médica explica que os resultados são incríveis e a recuperação é excelente.
“Ficou demais. Isso facilitou a vida do paciente pois, além de prático, o custo é reduzido. Além de não sentirem cheiro e gosto, alguns pacientes chegaram à parosmia, que ocorre quando o paciente sente cheiro de podre em alimentos que estava acostumado a comer. Café, ovo, carnes, alho e cebola são os maiores gatilhos, porém a causa mais frequente ainda são as infecções virais que causam um inchaço no nariz e fazem anosmia temporária”, destaca.
O treinamento olfativo consiste em inalar por 20 segundos cada cheiro, 2x ao dia, enquanto persistirem os sintomas. O inalador deve ficar a uma distância de 2 dedos da narina e a inalação deve ser suave e sempre concentrada na percepção do aroma. “Para o paciente que não tem dinheiro para comprar o kit de treinamento olfativo, o procedimento pode ser feito com substâncias que tem em casa, como: pasta de dente, baunilha, limão, mel, cravo, suco de maracujá, vinagre e pó de café. Essas substâncias também são padronizadas por um estudo da USP. O paciente deve colocar as substâncias em potes brancos e fazer da mesma maneira, enquanto durarem os sintomas!”, finaliza Dra. Elisa.
Miliana Cruz, também médica, é paciente de Dra. Elisa e percebeu a alteração no olfato após ter a doença. Segundo ela, seu organismo reagiu ao tratamento de forma positiva e muito rápida. “Em aproximadamente 2 semanas de tratamento, eu recuperei o olfato. No meu Kit Olfativo, usamos óleos essenciais com fragrâncias de limão, eucalipto, rosas, hortelã e cravo. No meu protocolo, a indicação era para inspirar de duas a três vezes ao dia, e assim, meu resultado foi ótimo!” destaca.

Como usar?
Os principais métodos usados na aromaterapia são por meio da inalação dos óleos essenciais. A aplicação também pode ser feita em banhos aromáticos ou aplicação tópica, como em massagens. No geral, os métodos servem para ajudar a lidar com distúrbios, amenizar dores e desconfortos, e induzir sensações relaxantes ou até estimulantes. Seu uso pode ser associado a outras PICS como acupuntura, terapia de florais, cromoterapia, constelação familiar, meditação, cristais, etc, lembrando que o mau uso dos óleos essenciais pode trazer efeitos adversos e indesejados.

Óleos Essenciais, um bom negócio
Leilane Braga e Jéssica Almeida são proprietárias da Raizar Cosméticos Naturais, uma loja virtual que, além de comercializar os óleos essenciais com sua marca, também usa os óleos na composição dos produtos cosméticos 100% naturais e veganos para potencializar os efeitos medicinais/terapêuticos das essências, favorecendo a nutrição, beleza e saúde da pele.
Elas contam que durante e depois da pandemia, a procura das pessoas pelos óleos essenciais e terapias cresceu bastante. “A aromaterapia vem para contribuir positivamente com vários quadros, principalmente ligados à insônia, ansiedade e doenças respiratórias como rinite e sinusite. Para ansiedade e insônia, a indicação é a sinergia ‘sono sereno’ e os óleos de lavanda, laranja e bergamota, por exemplo. Para rinite e sinusite, tem a sinergia ‘imunizar’ e também os óleos essenciais de hortelã-pimenta e eucalipto. No caso de crianças muito pequenas, recomendamos o óleo essencial teatree”, finalizam Leilane e Jéssica.