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Moda Consciente e Sustentável

qui, 18/11/2021 - 19:08 -- Divercidades
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Alle Tavares
Consumir peças já existentes, aumentando ao máximo o ciclo de uso e tempo de existência de uma peça é uma das maneiras de praticar o consumo sustentável.

Edição nº 57/Outubro 2021

Texto: Leila Pinho

A indústria da moda sempre estimulou: consuma mais, veja as últimas tendências, todas as famosas estão usando, então, compre também. Mas, e se... a gente não precisar? Essa e inúmeras outras perguntas que questionam a lógica de consumo desenfreado alimentada pelas grandes marcas estão ecoando com cada vez mais força entre as pessoas que se preocupam não somente consigo mesmas. É a moda consciente!

Mas, o que é moda consciente?
Para essa pergunta, a empresária Marcele Siqueira, de 42 anos, dá a sua contribuição. “Primeiro é comprar o que você precisa. Comprar em brechó, por exemplo, é consciente porque você evita exaurir os recursos do planeta, evita o gasto com energia, com matéria-prima e ainda faz a economia local girar”, opina.Marcele conta que nem sempre foi assim. Antes, ela consumia mais e tomava decisões muito influenciada pelo que estava na moda, ou pelas marcas. “Agora, tenho sido mais inteligente, mais ponderada, só compro o que me agrada, me deixa confortável e à medida que eu preciso”, fala Marcele.
A consultora de imagem e estilo, Elisa Heluany, explica que moda consciente é sobre comportamento. “É o nosso olhar como consumidores, mais educado, mais informado, preocupado com as questões ambientais e sociais que envolvem a produção em massa, principalmente, das ‘fast fashion’, que são as maiores poluidoras do mundo”, argumenta. Aumentar o ciclo de vida de uma peça já produzida é uma das manifestações da moda consciente e isso pode ser feito comprando em brechós, revitalizando peças, doando roupas para que outras pessoas usem e, assim, evitando que aquela mesma roupa vá para o lixo.
Se por um lado, olhar para a moda consciente pode parecer algo novo para muitas pessoas, para outras já é um velho conhecido, produto de construções culturais.  É exatamente assim com a fonoaudióloga Karoline Santana, de 36 anos. Ela lembra de ter crescido vendo a mãe, costureira, fazer roupas e pequenos consertos. Na casa dela, não se valorizava marcas de roupa, e sim, boa qualidade. “Na minha família, sempre foi um hábito circular roupas. Se a gente não usava, tirava do armário e doava para dar espaço a coisas novas”, recorda.Karoline continua mantendo os hábitos que aprendeu quando menina, comprando para ela e para a filha Marina, de 2 anos, roupas em bazares e desepegando também. “Antes de comprar, eu avalio se tem necessidade de uso, se já tenho algo similar e se vale a pena pela qualidade e o preço”, diz.
Para a empreendedora Rosilene Souza Carneiro da Silva Moreira, de 45 anos, a conscientização está, aos poucos, provocando boas mudanças e uma evolução. Ela confessa que já foi muito consumista e que era difícil desapegar das coisas que tinha. “Antes, eu só acrescentava ao meu guarda-roupa e, agora, já estou aprendendo a tirar”, comenta.
Ela já desapegou de cerca de 50 peças, e tanto compra quanto fornece roupas para brechó e doa. Rosilene conta com orgulho que, hoje, 70% do guarda-roupa é de itens de brechó, mas não somente roupas, tem bolsas, calçados e cintos também.
Elisa Heluany dá três dicas para as pessoas consumirem moda de forma mais consciente. Primeiro, buscar informações. “Consumidor bem informado busca peças com mais significado, mais atemporais e faz compra assertiva”. Segundo, antes de comprar, olhar o guarda-roupa e analisar se ali só tem o que você realmente usa, que valoriza seu estilo e tem a ver com o seu momento de vida. Terceiro, se não vai usar mais, se perguntar como aumentar o ciclo de vida do produto, doando ou levando para um bazar, por exemplo.
Brechós, preconceito e a moda consciente
Formada em moda desde 2006, Elisa ressalta que a moda consciente é uma pauta recente. Na opinião dela, as novas gerações estão mais bem informadas e mais exigentes quanto às marcas e à indústria e, também por isso, sabendo fazer escolhas mais assertivas. “Comprar em brechó é uma forma de incentivar o consumo consciente e a moda sustentável, dá um novo significado e amplia o sentido de uma peça, essa é uma tendência de comportamento que está só crescendo”, pontua.
Mas ainda há preconceito. Há quem acredite que brechós vendem roupas em mau estado, que não têm peças de qualidade e que cheira a mofo. “Muitas pessoas têm uma ideia errada de que brechó só tem coisa velha. Os que frequento me atendem muito bem, são roupas selecionadas.”, comenta Marcele. “Acho que muitas pessoas precisam atualizar a visão. Hoje, os brechós têm curadoria, existe uma seleção de peças e é tudo muito organizado. É diferente!”, opina Karoline.
Em Macaé, algumas proprietárias de brechós contam sobre como o interesse pelo secondhand (segunda mão/seminovos) está aumentando.

Brechó, Amo!
O Brechó, Amo! existe desde 2015 (um dos mais antigos de Macaé). Vende roupas, acessórios, sapatos e bolsas para mulheres. A proprietária Tamara Toledo conta que quando ela começou, foi muito mais difícil e que teve um grande trabalho para educar as pessoas a entenderem a proposta do brechó. Segundo ela, atualmente, 90% das fornecedoras de peças do Brechó, Amo! são também compradoras. “Hoje, já existe um público formado. Tem pessoas que compram porque são mais conscientes, gostam de roupas únicas, conseguem encontrar peças que casam com o seu estilo e também quem valoriza o preço mais acessível”, fala.

Oh Bazar
Aberto em abril de 2019, o Oh Bazar também é focado em peças para o público feminino, como roupas, sapatos, bolsas e acessórios. Recentemente, a loja se mudou para os Cavaleiros e, segundo a proprietária Fabiana Shikida, tem atraído muito a atenção de novas consumidoras após a mudança. “Atendo hoje 70% de novas clientes, o interesse está crescendo muito. Há várias pessoas chegando na loja que não sabiam que o Oh Bazar existia”, fala. Conforme ela relata, é muito comum ouvir elogios das clientes dizendo que é muito vantajoso comprar no bazar porque as peças são boas, os preços também e assim elas se vestem melhor, gastando menos.

Pegada Brechó Infantil
Inaugurado em dezembro de 2019, o Pegada Brechó Infantil vende vários produtos para crianças de 0 a 16 anos, como roupas, sapatos, brinquedos, livros, entre outros itens. A proprietária Thaís Souza Martins, de 38 anos, observa um movimento de crescente interesse por brechós, com mais abertura de lojas do tipo, mais fornecedores e mais clientes. Das 260 fornecedoras de peças que ela possui, metade também é consumidora.  Para Thaís, esse mercado é também uma maneira mais democrática de moda. “As pessoas valorizam a qualidade da peça com preço acessível e justo”, diz.

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