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Comida de rua

ter, 15/08/2017 - 11:40 -- Alice Cordeiro
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Fotos: Alle Tavares
baiana ana fazendo acarajé na rua, em macaé

Praticidade, agilidade e preço baixo estão entre as características que mais atraem aqueles que comem na rua. Aliadas à essas, outras duas são essenciais para fidelizar o cliente: qualidade e sabor. As tradicionais barraquinhas, que surgiram para facilitar a vida do trabalhador, que muitas vezes não tem tempo de fazer a refeição em casa, nasceram em 1866, nos Estados Unidos, quando Charles Goodnight adaptou uma cozinha em um caminhão militar para alimentar tocadores de rebanho que viajavam por longas distâncias tocando o gado. A partir de então a ideia foi copiada e modernizada a cada ano, estando presente em diversos países. No Brasil, a originalidade do tempero brasileiro é encontrada em cachorro-quente, caldos, churrasquinho, hambúrgueres e acarajé servidos em calçadas, praças, parques, praias e feiras, a céu aberto, muitas vezes sem conforto, mas recompensado pelo sabor diferenciado.

Acarajé

Raimundo José dos Anjos Rocha e sua esposa, Cristiane Mendonça, são bastante seletivos quando optam por comer fora de casa. “Antes de consumirmos, nos preocupamos com a procedência dos insumos e a higiene dos alimentos. Esses são pontos chave para nos tornarmos cliente desses locais”, observa Raimundo.

pessoas comendo acarajéNordestinos de Aracajú, eles encontraram um pedacinho de sua terra natal na barraquinha de acarajé McOxente, localizada na Granja dos Cavaleiros. Desde 1998, são frequentadores assíduos do local. “Nenhum acarajé de Macaé é tão bom quanto o daqui. É um pedacinho genuíno da Bahia em Macaé. Podem existir outros, mas nenhum é tão saboroso e sequinho como o da Ana”, detalha Raimundo.

A baiana é Ana Maria Borges Cardoso, que chegou por aqui em 1997, sem nunca ter feito um acarajé na vida. A necessidade de um emprego fez com que ela aprendesse os segredos do quitute com a mãe. Quem vê a alegre e falante Ana de hoje, não imagina sua timidez há 20 anos. “Eu tinha tanta vergonha que se o primeiro cliente que eu atendi chegasse aqui hoje, eu o reconheceria. Hoje, eu converso até demais”, diverte-se.

Para Cristiane, é essa conversa boa que contribui para o sucesso do Mc Oxente. “Não é apenas o acarajé que é gostoso, é também a recepção da Ana e de seu esposo. Um atendimento que conquista. É impressionante a memória dela. Ela sabe a forma de montar o acarajé ao gosto de cada cliente que vem aqui com frequência”, elogia.

“Procuramos estar sempre com um sorriso no rosto e atender bem o nosso cliente, pois ele vem para comer e se distrair. Imagina se ele está com um problema e nos encontra com a cara emburrada? Quero que o momento dele aqui seja o mais prazeroso possível”, revela Ana que conta com a ajuda do seu esposo, José Antônio Cardoso.

Tapioca

Foto: Gianini Coelho

Michel come a tapioca de Vanilson há 15 anosOutro que se tornou tradição macaense é o Vanilson Ribeiro, da Tapioca do Mineiro, que trouxe a goma de tapioca para Macaé muito antes dela se tornar a queridinha dos brasileiros. Há 15 anos, Vanilson montou sua barraquinha em frente à faculdade Estácio de Sá, na Granja dos Cavaleiros.De lá pra cá, conquistou clientes que, mesmo depois de se formarem, não deixam de saborear a tapioca recheada. Cliente fiel, Michel Pinto, técnico em química, conheceu a Tapioca do Mineiro na Feirinha da Roça, que acontece todo sábado, atrás do Supermercado Extra, no Centro.

“A qualidade e o sabor são os pontos fortes da tapioca feita pelo Vanilson. Além disso, a porção é bem servida e a higiene com que ele trata o alimento me faz voltar e trazer amigos. Muitas vezes, durante a semana, vou até a Estácio para saborear a tapioca”, conta Michel.

Tímido e quieto como a maioria dos mineiros, Vanilson encanta os cliente com suas manobras com as duas frigideiras que comanda por vez. A agilidade é importante para atender os clientes que fazem fila desde cedo em sua barraca. “Na feira, vendo mais de 100 tapiocas por dia. Durante a semana, além de manter a barraca faço entregas por delivery”, diz.

Um dos segredos do sucesso está na goma de tapioca fabricada pelo próprio Vanilson. “Aprendi a receita com meu cunhado, que vende em São Paulo. Quando montei a barraquinha, ninguém conhecia tapioca recheada aqui em Macaé. Os clientes estranharam no começo, mas logo se acostumaram”, lembra acrescentando que também comercializa a goma. “Apesar de levarem pra casa, muitos dizem que não fica igual à minha e por isso preferem comer aqui”, alegra-se.

Churrasquinho

Para Leandro (em pé), o Churrasquinho do Chico agrada por acolher diferentes pessoas num local bom pra conversarAo falarmos de comida de rua, logo imaginamos os tradicionais churrasquinhos, preparados à beira das calçadas, sem conforto, saboreados de pé, mordida a mordida. Em Macaé, falar de churrasquinho nos remete ao tradicional Churrasquinho do Chico, que começou na rua em frente à mercearia do Francisco Cortez, o famoso Chico, que ouviu o conselho de um cliente e, há 20 anos, colocou uma churrasqueira na rua e passou a servir cortes de carne no espeto.

“Apesar de levar meu nome, o churrasquinho tem o tempero da minha esposa. Costumamos dizer que é um tempero abençoado, pois é simples e agrada o paladar de todos”, revela Chico.

Cliente assíduo desde sua adolescência, Leandro Lorenzini, de 33 anos, conta que fazia pequenas compras na mercearia e, naturalmente, começou a frequentar o local quando Chico passou a vender churrasquinho. “Desde novo, reunia os amigos para bater papo no Chico. Ainda hoje, é o local dos nossos encontros, principalmente às quartas-feiras para ver o futebol”, conta Leandro, revelando sua preferência por ficar na calçada com os amigos. “O Chico tem um ambiente ameno, sem muito barulho, o que facilita a conversa”, descreve.

“Fizemos uma grande reforma em 2010, com amplo espaço interno, mas não tem jeito, as pessoas gostam de ficar na calçada. Uma vez tiramos o espaço da calçada e nosso movimento caiu muito. As pessoas se sentem à vontade aqui, pois podem vir como quiser. Encontramos desde engravatados a pessoas de chinelo e bermuda. A única regra é não entrar no bar sem camisa”, conta Aline Cortez, uma das filhas do Chico, que hoje administra o bar com o irmão Leonardo Cortez.

Apesar do boom das espetarias, o Churrasquinho do Chico mantém o lugar de quem saiu na frente, oferecendo diferentes tipos de carne no espeto. “Além do tempero, nosso segredo está no nosso trabalho em família e no cuidado que temos com o cliente, sempre ouvindo suas sugestões”, acredita Chico.

Food Truck francês

homem tomando vinho no food truck camionO crescimento dos Food Trucks garantiu novas opções para quem prefere comer na rua. Num mercado altamente competitivo, é essencial oferecer produtos diferenciados para conquistar a clientela. Com isso em mente, os amigos Guilherme Veiga e Rômulo Jacques investiram no Camion, um truck especializado na gastronomia francesa. Estacionado na entrada da Praia do Pecado, o restaurante sobre rodas oferece desde escargots, quiches, sanduíche como o croque monsieur até sobremesas como tarde tartin e Crème Brûlèe, entre outras opções que se revezam no cardápio.

Com ambiente aconchegante, o truck possui poucas mesas, sendo comum encontrar pessoas que não se importam em saborear seus pratos e bebidas em pé, batendo um bom papo.  Empresário do ramo gastronômico, Virgílio Carneiro Paixão, de 62 anos, conta que está sempre atendo às novidades do setor. Assim descobriu o Camion, onde vai pelo menos duas vezes por semana.

“No Camion, encontro uma comida de rua com personalidade, pois oferece um cardápio diferenciado, feito por pessoas capacitadas e com um preço acessível. Aonde comeríamos escargot por R$ 35?”, questiona. “Além disso, o ambiente na rua favorece o encontro de pessoas. Aqui, conheci verdadeiros amigos”, destaca.

De família francesa, Guilherme estudou gastronomia, se especializando nas suas origens. “Inicialmente, pensamos em um truck com maior rotatividade de pessoas, sem mesas e cadeiras. Com o tempo, percebemos que sair para comer em um Food Truck é diferente no Brasil, se compararmos com outros países, onde a ideia é ser ágil e barato. Aqui, sair para comer é um programa, por isso passamos a adotar mesas. Temos clientes que ficam mais de duas horas aqui e outros que querem apenas jantar antes de chegar em casa. Tentamos unir essas duas ideias”, revela.

“A escolha do ponto foi um diferencial em nosso negócio. O bairro tem um clima de interior, deixando as pessoas mais à vontade. Mas, ao contrário do que pensávamos no início, apenas 30% de nossos clientes são daqui. Com isso, percebemos que as pessoas vão atrás do que querem, independente de onde esteja”, acrescenta Rômulo.

Hambúrguer

fome de rua food truckCom a correria do dia a dia, comer fora é rotina para Alex Manzo, de 32 anos. Conciliando a carreira de empresário e cantor sertanejo, ele conta que sempre come fora com a esposa e, por isso, conhece diferentes locais na cidade. “Quanto maior a correria, mais eu como na rua. Entre os locais, eu destaco o Fome de Rua, que tem um ótimo atendimento e um cheiro de carne tão bom que é possível sentir de longe”, descreve Alex.

Localizado nos Cavaleiros, o Fome de Rua aposta em hambúrgueres artesanais, com receitas próprias que fidelizam o cliente pelo sabor e atendimento. “Queremos surpreender nossos clientes, por isso investimos em receitas próprias, com ingredientes especiais. Além disso, prezamos muito pelo nosso atendimento, unindo agilidade com qualidade”, destaca Bruna Paz que inaugurou o truck em parceria com o marido, Neidson Paz, há um ano.

Apesar de facilitar a vida do cliente, manter uma carrocinha, bike food ou food truck não é algo simples para o comerciante. Engana-se quem pensa que o trabalho começa quando as portas abrem. De acordo com Bruna, a rotina desse tipo de comércio começa cedo e dura a semana inteira, independente de abrir diariamente ou não. “Quem vê um truck aberto, não imagina a logística pra que esteja tudo pronto na hora certa. Minha rotina começa bem cedo e quando não estamos abertos, estamos em nossa cozinha preparando receitas, fazendo a limpeza do truck ou compras para abastecer o estoque. Nos preparamos para facilitar a vida do cliente e nos realizamos quando atingimos nosso objetivo”, finaliza Bruna.
 

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