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Fernando Macaé, o jogador que levou o nome da cidade para o mundo

ter, 21/07/2015 - 08:58 -- Raphael Bózeo
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Alle Tavares
Fernando Macaé

talento com os pés fez Fernando Macaé levar o nome da cidade para o Brasil inteiro e o exterior. Com uma grande carreira no futebol, passou por clubes tradicionais como o Botafogo, o forte Bangu da década de 1980 e o Cruzeiro, além da Seleção Brasileira Sub-20 e o futebol europeu. Fernando colecionou sucessos e realizou o sonho de criança: jogar no Maracanã. Fez muitos gols e ganhou títulos. No fim da carreira, não aguentou de saudade e voltou para a Princesinha do Atlântico. Antes de parar, ainda ajudou o Macaé Esporte, na época Botafogo de Macaé, a conquistar o primeiro título da sua história: a Série C do Campeonato Carioca, em 1998.

Curiosamente, Fernando não nasceu em Macaé. Natural de Campos dos Goytacazes, chegou com apenas três meses de vida na cidade. Os primeiros chutes foram no Colégio Castelo, onde ganhou o apelido de Ferrugem, por ser ruivo. Aos 14 anos, dividiu as peladas de futsal com os gramados, jogando no antigo time da “SONY”, que fez história entre os jovens macaenses no final da década de 1970. Depois, atuou pelo Ypiranga Futebol Clube e rapidamente despertou o interesse dos olheiros.

Foto: arquivo Fernando MacaéFernando Macaé com camisa Flamengo

Fazia uma barbaridade com a bola. O craque macaense logo recebeu convites. Fez testes para as categorias de base do Vasco e do Flamengo, mas acabou não ficando. E o brilho não demorou para ser reconhecido, tanto que foi convidado, aos 16 anos, para jogar no Cruzeiro. E foi lá, em Belo Horizonte, que o menino Fernando ganhou o sobrenome Macaé.

“Eu estava no juvenil e um diretor do Cruzeiro me chamou e disse que Fernando tinham muitos, Macaé alguns, e Fernando Macaé só existiria um. Aí pegou. E por onde eu passei, até fora do Brasil, fui conhecido assim”, lembra.

No time celeste, ele se profissionalizou logo aos 17 anos. Não demorou para ser convocado para a Seleção Brasileira Sub-20 e disputou a Copa João Havelange, em 1982, no México. Defendeu o país ao lado de jogadores que se consagraram anos depois como, por exemplo o ex-volante e técnico da Seleção Brasileira Dunga, campeão mundial em 1994, e o ex-meia Geovani (ex-Vasco e Seleção).

Melhor fase no Bangu

Foto: arquivo Fernando Macaé

Fernando Macaé jogando pelo Bangu na década de 1980Ainda muito novo, não teve uma sequência de jogos muito grande no time celeste. Como o contrato estava chegando ao fim, surgiu a oportunidade de deixar o clube. Acabou trocando o Cruzeiro pelo Bangu, em1983. E foi no alvirrubro carioca que viveu a grande fase da carreira. Participou de um dos melhores anos da história do clube, em 1985. Uma campanha arrasadora fez a equipe chegar na final do Campeonato Brasileiro em uma decisão diante do Coritiba no Maracanã. Era o último dia do mês de julho daquele ano, e o maior palco de futebol do mundo estava completamente lotado. Curiosamente, muitos torcedores de equipes grandes do Rio foram ao estádio apoiar o Bangu:

“Tínhamos um grande time e era normal vencer os grandes. A gente nunca perdeu em Bangu, sempre ganhamos em casa nesses três anos. O futebol carioca era muito forte, não só com os grandes. Lembro que ganhamos o carinho de todos da cidade. Naquela final, tinha torcedores de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo. Ganhamos um apoio de ser considerado o segundo time de todos. Estava lindo o estádio”, recorda.

Após um empate dramático por 1 a 1 no tempo normal (gols de Índio para o Coritiba, e Lulinha para o Bangu), o jogo foi decidido nos pênaltis. Os curitibanos foram superiores e venceram por 6 a 5.

No mesmo ano, a equipe de Fernando Macaé desbancou o Flamengo, o Vasco e o Botafogo, e chegou à decisão do Estadual do Rio diante do Fluminense. Precisava de um empate para levantar a taça e abriu o placar com Marinho, em falta sofrida por Fernando no início do jogo. O Fluminense virou para 2 a 1, mas um pênalti não marcado para o Bangu, no último lance do jogo, evitou que a história fosse escrita de forma diferente.

Foram dois vice-campeonatos no mesmo ano. Certamente, um gosto amargo, mas mesmo sem ter conquistado título no Bangu, Fernando Macaé garante que não lamenta. Pelo contrário, tem orgulho de ter marcado o nome naquele modesto clube, que jogou como grande naquele período: “Aquele time foi campeão, posso falar tranquilamente.”

Jogou no Maracanã e marcou muitos gols, vários contra grandes equipes. Venceu o Flamengo cheio de craques por 6 a 2 no Maracanã, em 1983, ano em que o rubro-negro foi campeão brasileiro, e ainda deixou o dele na rede.

Flamengo x Botafogo

Foto: arquivo Fernando Macaé

Fernando Macaé com camisa do BotafogoApós uma campanha fantástica em 1985, Fernando Macaé viveu uma história curiosa. Foi cobiçado por diversos clubes e o Flamengo, seu time de coração, entrou forte para contratá-lo. Foi até a Gávea e, mesmo sabendo que faltavam alguns detalhes para serem resolvidos, foi anunciado como novo reforço do time com a maior torcida do país. Tudo certo para vestir o famoso “Manto Sagrado”.

Mas uma reunião nos bastidores mudou tudo. O então presidente do Botafogo Emil Pinheiro soube da negociação e entrou na jogada. Fez uma manobra rápida com o mandatário do Bangu, seu amigo Castor de Andrade, e mudou o destino de Fernando. Encontrou com o meia minutos depois em que deixou a sede rubro-negra e fez uma proposta irrecusável. O acerto foi feito durante a madrugada.

No dia seguinte, todos os jornais anunciavam: Fernando Macaé é do Flamengo. Como restavam alguns detalhes e houve uma precipitação por parte da diretoria rubro-negra, além de o contrato não estar assinado, o meia fez uma outra escolha. Na manhã seguinte, a imprensa estava esperando-o em um clube, e ele estava indo para General Severiano treinar pela primeira vez no Botafogo.

“Foi uma situação complicada, porque o Flamengo não havia definido tudo. E, por outro lado, foi difícil dizer não a uma proposta muito boa do Botafogo. Conversei com a diretoria do Flamengo, mas não gostaram muito. Foi uma escolha que tive que fazer e não me arrependo”, lembra Fernando.

Ídolo em Portugal 

Após uma boa passagem pelo Botafogo, Fernando foi negociado com o futebol suíço, onde atuou por um ano. Logo depois, foi para Portugal, país onde virou ídolo. Jogou nove anos no país e em diversos clubes, mas no Belenenses, tradicional clube lusitano onde jogou por três anos, participou da conquista do título da Taça de Portugal na temporada 1988/89, ao vencer o Benfica na final por 2 a 1. Como foi o último título da equipe até hoje, Fernando e aquela geração vitoriosa ficaram imortalizados. Dezenas de fotos lembram aquela festa no estádio.

Foto: arquivo Fernando MacaéFernando Macaé jogando pelo Balenenses

“Foi o último título de expressão e, até hoje, não ganhou mais nada. Essa conquista foi muito grande, muito importante. Vencemos o Benfica na decisão, estádio lotado. Ainda não voltei lá depois, mas é algo que eu vou fazer. Tenho que voltar.”

Uma história curiosa aconteceu na França. O ex-prefeito de Macaé, Silvio Lopes e o seu filho Glauco, ex-deputado estadual, estavam em um restaurante. Em uma conversa com um garçom português, disseram que eram de Macaé. O atendente prontamente disse que conhecia só um Macaé, o Fernando, do Belenenses.

“Essa história é bacana. Quando eles voltaram da Europa, me falaram desse papo com o garçom. Engraçado que o rapaz não sabia que Macaé era exatamente uma cidade, mas já tinha escutado por causa do meu nome. Foi curioso eles encontrarem na França”, comenta Fernando.

Volta a Macaé 

Após brilhar fora do país, o meia ainda passou por Coritiba, Botafogo-SP e Americano de Campos. Resolveu parar de jogar e voltou para a sua cidade de coração. Começou a empreender, abriu uma loja e já trabalhava com construção civil, mas a paixão pelo futebol jamais foi deixada de lado.

Em 1998, o então Botafogo de Macaé estava na Terceira Divisão do Futebol Carioca. Já aposentado, Fernando foi convidado para participar do grupo. O ex-jogador Ferreira, que atuou na Seleção Brasileira de base, era o técnico. E, em uma conversa com Mirinho, ele resolveu começar a treinar. Seria uma figura importante naquele processo. Alguém escolhido para ajudar no início de uma história vitoriosa. Ele topou e deu certo. Foi campeão, levantou a taça e levou o time para a Segundona.

“Ali não foi nada forçado. Foi acontecendo de forma natural. Era um lazer com responsabilidade. As coisas foram acontecendo e viramos uma família. Foi muito legal ajudar e contribuir para a minha cidade”, conta.

O gostinho foi tão bom que Fernando ficou mais um ano no clube. Em 1999, disputou a Segunda Divisão e participou da campanha do vice-campeonato. Por pouco não levou o time para a Série A do Rio. Ainda passou por um outro clube na cidade, o Independente, e disputou alguns campeonatos. Em uma oportunidade, até foi técnico do Macaé Esporte.

Fernando parou de jogar. Tem um restaurante na Praia dos Cavaleiros, adora ouvir música, mas não joga mais as famosas peladas. Trocou a prática do futebol por outros dois esportes: o inseparável futevôlei na praia dos Cavaleiros, praticamente todo fim de semana, e o tênis. Mas se não pratica mais a modalidade que tanto ama, um sonho ainda o move, e ele acredita que um dia vai realizar. “Sempre que falo sobre isso, vem algo no meu coração. Sonho em ser treinador de futebol, em trabalhar diretamente. Acho que posso contribuir um pouco com o aprendizado que tive ao longo desses anos. Tudo tem seu tempo. Sempre fui um cara equilibrado e me organizei para viver uma vida boa”, conclui.

Um jogador vitorioso, um macaense que, mesmo sem nascer aqui, rodou o mundo e voltou para casa. Um craque, que assim como todo bom filho, à casa retorna.
 

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