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Bico da coruja, o reduto do choro macaense

sex, 24/04/2015 - 15:29 -- Raphael Bózeo
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Divulgação - Bico da Coruja
roda de samba do bico da coruja de macaé

Os versos de uma das músicas mais tradicionais do Bico resumem um pouco desse lugar especial de Macaé. “Quem chega no Bico da Coruja encontra uma roda de bambas.” É um cantinho que respira boa música e com um clima completamente diferente. Por coincidência do destino, o nome da rua onde fica localizado o Bico da Coruja é em homenagem ao maior músico da história da cidade, reconhecido mundialmente: Benedito Lacerda, um dos ícones do chorinho, e grande parceiro de Pixinguinha.

Foto: Alle Tavares

walace agostinho e o filho cizinho no bico da coruja em macaé

Lá no Bico da Coruja é assim: toda quarta-feira um grupo de amigos se reúne para tocar boas músicas.  Alguns ganham a vida na noite, outros são das mais diversas profissões. Há médicos, advogados, servidores públicos, empresários e gente de tudo quanto é jeito. 

 

Mas uma coisa é certa nessa turma: o Bico é o ponto de encontro para um bom papo e divertimento. Além da tradicional Sardinha na Pressão, que só o dono tem a receita, chorinho e samba estão sempre no cardápio, e para Walace Agostinho, dono do bar, a qualidade do que se ouve interfere diretamente nas pessoas que frequentam o local. “A própria qualidade da música seleciona as pessoas que vão ao Bico. Aqui, o nível é alto e isso atrai pessoas que gostam desse tipo de música. Não pode falar alto para não atrapalhar, tem que se comportar direitinho”, conta Walace.

marcelo merrel

 

Frequentador assíduo, o empresário Marcelo Merrel sabe aonde ir quando quer encontrar os amigos com som de qualidade. “Além de ser um espaço que congrega amizade, a gente sabe que as pessoas que estão ali são pessoas comprometidas no contexto, são profissionais, pessoas de bem, e fazem dali um encontro de amigos”, fala Merrel.

 

A história do bar é completamente ligada à da música. Inaugurado em 1983, quando Walace resolveu parar de viajar como motorista para abrir um estabelecimento, o Bico da Coruja recebeu no ano seguinte dois irmãos, ambos músicos, vindos de Niterói. O médico César e o advogado Celso chegaram na cidade e só queriam um local para se distraírem no intervalo do trabalho.

 

Os anos se passaram e o grupo cresceu. Testaram todos os dias da semana para saber qual era o melhor para os encontros. Mas o único que vingou foi a quarta-feira. Sabe por quê? “Trabalhávamos muito na época e acho que a quarta foi o melhor dia porque era exatamente no  meio da semana. Dava aquele respiro no meio para que a gente terminasse o trabalho bem”, brinca César.

 

roda de samba no Bico da Coruja em MacaéAmantes do samba e do chorinho, os músicos do Bico têm um ídolo em comum. O cantor e compositor João Nogueira sempre foi referência para todos eles. E um dos momentos mais marcantes da história do Bico foi quando o grupo abriu um show do João, no Clube Cidade do Sol, em 1999, poucos meses antes do falecimento dele. E José Medeiros, frequentador assíduo e grande fomentador dos eventos da turma, lembra com carinho de como foi a pre paração. “Na véspera daquele dia, o grupo todo estava morrendo de medo de abrir o show do João. Quase não entraram no palco. Aconteceu até uma coisa bacana no dia. Uma das músicas do Bico tem o seguinte verso: ‘César na quarta canta a noite inteira, homenageando João Nogueira’. João ouviu quando estávamos ensaiando e foi falar com a turma.”

 

Mas nem todo mundo pôde ir ao inesquecível show. O bancário Edson Assis, o Batata, precisou cuidar do filho Daniel, então recém-nascido, e não esteve presente. Estava em Niterói cuidando do pequeno. Se por um lado ele perdeu a chance de tocar com um ídolo, ganhou um presente anos depois. O pequeno Daniel cresceu e hoje é companheiro de cavaquinho do pai nas quartas no Bico. “Foi engraçado que não fui ao show por causa dele. Mas a recompensa veio depois”, brinca. 

 

E como surgiu o nome Bico da Coruja? Walace lembra com carinho do finado amigo que deu origem ao nome, e conta que nem ele aprovou logo de início. O nome pegou tanto que Walace tem uma coleção de corujas e garante que não comprou nenhuma. Todas ele ganhou de presente dos amigos.“Um amigo chamado Tidinho Monteiro chegou aqui e disse que tinha um bar em Trajano de Moraes que se chamava Bico da Coruja. Disse que parecia muito com o de lá e que aqui seria o nosso Bico da Coruja. Eu não gostei, mas ele  falava tanto que acabou pegando. E o nome do grupo veio de tabela”, brinca Walace.

 

edson e o filho Daniel no Bico da Coruja

Entre outros registros importantes, o Bico da Coruja já gravou dois CDs. Hoje, o grupo musical não se apresenta fora do bar, mas, já participou da abertura do Teatro Municipal de Macaé e de shows na Praia dos Cavaleiros, por exemplo. Eles nunca receberam cachê pelos shows, que sempre eram convertido em cestas básicas para doação.

 

Quem quiser ouvir o Bico da Coruja precisa ir ao bar às quartas-feiras. O grupo, na verdade, é uma grande roda de choro e samba. O nível dos músicos é altíssimo, mas há sempre um espacinho até para quem chega pela primeira vez e quer fazer bonito.

 

Um bar do presente que está na memória de Macaé. Local que recebeu grandes músicos do país, mas que nas quartas-feiras, transforma uma simples noite em momentos inesquecíveis, movendo os corações com melodias centenárias e composições próprias. Isso é o Bico da Coruja, como diria o verso: “É um lugar completamente diferente”. Só indo para saber e se encantar com a música e história macaense.
 

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