De outubro a dezembro, o céu nos convida a encarar a própria verdade, desatar amarras antigas e preparar o terreno do novo ciclo. É um tempo em que a coragem de ser autêntico vale mais que o desejo de agradar: um convite à liberdade interior que nasce da coerência entre sentir, agir e ser.
Outubro e Novembro: o mergulho na essência
Entre o fim de outubro e novembro, as águas escorpianas dominam o céu. Com o Sol em Escorpião, somos chamados a atravessar portais de transformação, a deixar morrer o que já não vibra com a alma e renascer com mais verdade. O tempo pede profundidade, não superfície. É hora de olhar de frente para o que evitamos — medos, padrões, silêncios — e escolher a autenticidade, mesmo que ela cause desconforto.
Júpiter em Câncer, exaltado e sensível, expande o campo emocional e espiritual. A fé ganha corpo quando nasce da intimidade com o sentir. Mas ao entrar em movimento retrógrado em 11 de novembro, esse planeta nos leva para dentro: rever crenças, redefinir o que realmente nutre, ressignificar o pertencimento. O crescimento passa a ter ritmo de alma.
Marte em Escorpião traz força, coragem e intensidade. É o impulso que corta, cura e transforma. Mas também nos alerta para agir com consciência — a paixão que cura é a mesma que destrói, se for movida por feridas.
Mercúrio retrógrado entre Escorpião e Sagitário reacende conversas inacabadas e verdades caladas. É tempo de escutar o que o silêncio tentou esconder. Já Vênus em aspectos desafiadores com Saturno e Netuno coloca os relacionamentos sob prova: o amor real amadurece, o idealizado se dissolve.
O pano de fundo desses meses é a liberdade — mas uma liberdade que exige responsabilidade consigo. Ser fiel à própria essência pode significar ser mal compreendido, mas é também o único caminho para a paz verdadeira.
Dezembro: a construção do novo ciclo
Dezembro chega como um terreno de aterramento. Depois de mergulhar fundo, é hora de estruturar.O mês começa com uma Lua Cheia em Gêmeos (4/12), iluminando a comunicação e o poder das ideias. A mente clareia o que o coração já intuía.
Em 11 de dezembro, Mercúrio entra em Sagitário, e o pensamento se abre para horizontes maiores. A busca é por sentido, fé e direção — ainda que algumas palavras escapem sem filtro, revelando verdades que já não cabiam no silêncio.
A partir de 15 de dezembro, Marte ingressa em Capricórnio, signo de sua exaltação. A energia marciana ganha foco, disciplina e propósito. O impulso se torna ação estratégica: é hora de transformar intenção em forma, sonho em estrutura.
Com o Sol e Vênus em Capricórnio (a partir de 21 e 24 de dezembro), o tom se torna maduro. O amor busca solidez, as relações pedem lealdade, e o trabalho interior se traduz em compromisso com o que tem valor real.
Um aspecto poderoso marca o período: Júpiter em quadratura com Quíron no solstício de verão. É um ponto de cura profunda — as feridas antigas se tornam portais de expansão. A fé cresce quando aceitamos nossa vulnerabilidade como fonte de sabedoria.
Assim, o céu de dezembro nos ensina que a verdadeira liberdade não é ausência de limites, mas consciência das escolhas. Ser livre é escolher os vínculos e responsabilidades que fazem sentido para a alma, não os que agradam aos olhos alheios.
Síntese final
Do mergulho escorpiano à construção capricorniana, o fim de 2025 é um rito de passagem entre morte e renascimento, entre desejo e propósito.É tempo de soltar o que foi casca, sustentar o que é raiz e dar forma à verdade que amadureceu no silêncio.
O céu encerra o ano com um chamado silencioso: honrar o que foi, sem se prender ao passado.
Respirar fundo.
Agradecer o aprendizado.
E seguir com menos peso, mais presença,e a serenidade de quem confia no tempo divino das coisas.
Flávia Vasconcelos
É jornalista, astróloga e poetisa.
Instagram: @flaviaastrologia