Trocar a segurança do caminho conhecido pela instabilidade de criar algo próprio exige coragem. Empreender é um salto, não apenas profissional, mas pessoal. Quando uma mulher decide abrir o próprio negócio, ela não está apenas mudando de carreira: está assumindo uma nova identidade. E, com ela, inevitavelmente, muda também a forma de se vestir.

Eu vivi isso. Quando comecei meu negócio, percebi que a forma como me vestia já não me posicionava como eu desejava. As roupas que funcionavam em ambientes mais formais já não refletiam a mulher criativa, empreendedora e multifacetada que eu estava me tornando. E, por mais confortável que fosse, o visual do home office também não dava conta da imagem que eu queria comunicar. Fiquei entre dois armários: um que já não me representava e outro que ainda estava nascendo.
Mudei minhas roupas. E, principalmente, mudei meu cabelo como se, naquele gesto, eu também estivesse cortando os laços com a versão anterior de mim mesma. Foi ali que entendi: a imagem não acompanha por vaidade, ela acompanha por verdade. Porque quando a mulher muda, tudo muda com ela.
“Empreender é vestir coragem antes mesmo de saber o que vem pela frente.”

Nesse momento de transição, muitas mulheres se desconectam do próprio estilo. A rotina intensa, a multiplicidade de funções, a sobrecarga emocional — tudo isso faz com que o vestir se torne automático. A roupa passa a ser apenas o que resolve o dia. E a imagem pessoal, aos poucos, perde cor, forma e intenção. Não é desleixo. É sobrecarga. Mas embora seja compreensível, não pode ser tratado como aceitável.

Como consultora de imagem e estilo, me sinto responsável por dizer: se apagar nesse processo não pode virar regra. Justamente porque empreender exige tanto de nós, é que a imagem precisa estar presente. Vestir-se com intenção não é vaidade. É autocuidado, estratégia e posicionamento.
A imagem pessoal no centro da criação

Empreender com alma é, também, empreender com a própria imagem. Com os olhos que pensam, as mãos que criam, os ombros que sustentam. Por isso, o estilo precisa acompanhar essa jornada, não como luxo, mas como ferramenta. A roupa pode parecer secundária, mas é ela que costura autoestima, identidade e presença em meio ao caos.
Não se trata de performar ou tentar parecer algo que não se é. É sobre se reconhecer. Fazer escolhas com intenção. Se vestir com estratégia, mesmo nos dias em que tudo ainda está tomando forma.

Portanto, vestir-se nesse contexto, é se posicionar. A imagem pessoal se torna uma ferramenta silenciosa de presença: comunica sua essência, seu negócio, sua visão. Mesmo em construção, você está ali: visível, firme, inteira.
Nos primeiros anos de um novo negócio, é comum que a mulher se veja engolida pelas demandas e deixe sua imagem em segundo plano. Mas é justamente aí que retomar o próprio estilo se torna um ato de resistência. Uma forma de lembrar quem se é — e de onde se quer chegar.
E não escrevo essas palavras para suavizar ou romantizar a realidade. Empreender é desafiador. O tempo é curto, os recursos são limitados e as urgências se impõem. Mas é nesse cenário, justamente, que cuidar da imagem pessoal se torna ainda mais essencial. Não é sobre aparência. É sobre presença. Sobre não desaparecer de si mesma no meio da rotina.
A imagem não é o fim. É o meio. Ela traduz a transição com sensibilidade e consistência. Em vídeos, reuniões, encontros e redes, sua imagem fala e deve falar com verdade. Mais do que estética, é identidade. Mais do que estilo pessoal, é uma marca.

Essa foi a segunda parte da série Recomeços Estilosos. No próximo capítulo, vamos falar da mulher que amadurece, e como o estilo pode suavizar, acompanhar e fortalecer cada fase da vida.
Para seguir essa conversa sobre imagem, identidade e propósito, me encontra nas redes: @evelynpinot.
Te espero na próxima edição da Mais que Moda.
Com carinho,
Evy