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Perda Auditiva Na Terceira Idade

seg, 24/01/2022 - 14:38 -- Divercidades
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Alle Tavares
Dona Clarita Gonzalez, de 97 anos, usa o aparelho auditivo há 10 anos, proporcionando uma vida ativa e normal em família e na sociedade.

Edição nº 58/Outubro 2021
Texto: Renatta Viana

Naturalmente, com a idade, o cérebro gradativamente começa a perder a capacidade de compreender e interpretar o que é ouvido, justamente pela diminuição da capacidade de audição, o que é bastante comum com o passar dos anos. É natural também, com o avanço da idade, que outros problemas de saúde surjam, mas “o ouvir” afeta fortemente os idosos de diversas maneiras, acarretando problemas físicos, psicológicos e até mesmo o isolamento social. Essa dificuldade atrapalha a qualidade de vida dessas pessoas, que muitas vezes não se dão conta de que estão sendo afetadas pela perda auditiva.

Os especialistas falam que conhecer as consequências deste problema é fundamental para saber lidar com idosos que venham a sofrer dessas questões. Além da perda do contato social, familiar e da interação com as outras pessoas, alguns estudos associam a perda auditiva à demência e ao Alzheimer, pois pesquisas indicam que a privação sensorial causada pela perda auditiva tem impacto no declínio das funções cerebrais. Dr. Gustavo Lacerda, médico especialista em geriatria e clínica da dor, explica que a “Presbiacusia” é a perda da audição relacionada à idade, um processo natural do envelhecimento que é muito comum na terceira idade devido à morte de algumas células auditivas. Geralmente afeta, pessoas a partir dos 60 anos e compromete a capacidade auditiva de forma lenta, sendo praticamente imperceptível no início.
É comum que o idoso comece gradualmente a aumentar o som da televisão, um indicativo do início do problema. Com o passar dos anos, a audição vai sendo ainda mais prejudicada, dificultando também a compreensão da fala. Assim, a pessoa acaba se afastando e evitando o convívio social, podendo apresentar sintomas depressivos. Além da depressão, a perda da audição pode causar diversos outros problemas na vida do idoso, como sair na rua e não escutar os sons dos veículos, por exemplo, podendo colocá-lo em risco. Quanto mais idade, maior o processo degenerativo natural das células auditivas. No entanto, a hereditariedade e a exposição a ruídos muito intensos são os principais fatores que levam à surdez com o passar dos anos. Na faixa dos 70/80 anos é comum também a associação de fatores de risco específicos, como diabetes e pressão alta, que podem acelerar esse processo”, relata Dr. Gustavo.

Dona Clarita Carmo Ferrari Gonzalez é professora normalista e tem 97 anos. Ela convive com a perda auditiva há uns 12 anos, quando percebeu que tinha dificuldade para ouvir ao telefone e participar de conversas em grupo. Usando aparelho auditivo há 10 anos, ela conta que a perda auditiva não mudou sua rotina, mas teve que se adaptar às novas circunstâncias com muita força de vontade. “A adaptação ao uso do aparelho exige exercício de paciência constante, e o apoio da família e amigos é muito importante para que a gente não se sinta excluída ou desinteressada do convívio social. Com certeza, o aparelho auditivo proporciona grande conforto, permitindo que eu leve uma vida normal”, conta Dona Clarita, lembrando como é importante que os mais jovens tenham paciência com quem convive com essa deficiência, a fim de evitar situações dolorosas que as excluam do direito de ter uma vida normal e feliz na família e na sociedade.

Dr. Leonam Magalhães é otorrinolaringologista e destaca que o primeiro passo é observar se há familiares com perda auditiva e, se houver fatores de risco, iniciar o acompanhamento com otorrino de forma precoce. “No caso de identificação de distúrbios metabólicos, o acompanhamento deve ser logo iniciado. Para quem trabalha em ambientes com ruído intenso, é obrigação das empresas realizar audiometria nos profissionais, e é obrigação dos trabalhadores, o uso de EPI (equipamento de proteção individual) tipo plugs ou abafadores para proteção dos ouvidos”, fala o médico, que reforça que após identificar o tipo de perda e do tempo de evolução do distúrbio, o paciente deve ser encaminhado para uso de aparelhos e reabilitação assistida por uma fonoterapeuta, ações que mudam drasticamente sua qualidade de vida.

Edison Torres tem 64 anos e, há 13, notou que havia algo diferente com sua audição no seu ambiente de trabalho. Ele é funcionário público municipal e trabalha com fiscalização de transportes. Após passar por exames e constatar a perda quase total da audição nos dois ouvidos, viu como era incrível poder ouvir novamente por meio do aparelho auditivo. “Eu tinha muito medo de perder a audição, de como seria usar o aparelho, mas tive muito apoio da família e dos amigos. As pessoas sempre se preocuparam em saber como é usar o aparelho, como me sinto e eu digo: não sei mais viver sem ele. Por favor, se cuidem para evitar problemas como este”, diz Edison.
Fonoaudióloga Audiologista pela UFRJ e especialista em Audiologia, Catarina Franco ressalta que são 4 principais exames para avaliar a capacidade auditiva: Audiometria – avaliando qual a menor intensidade em que a pessoa é capaz de ouvir tons puros e a capacidade da pessoa de perceber e reconhecer os sons da fala. Por meio da audiometria é possível saber o grau e o tipo da perda auditiva de um indivíduo; Imitanciometria/Impedanciometria - exame que avalia as condições da orelha média, verificando o funcionamento do tímpano, da cadeia de ossículos e da tuba auditiva; PEATE (Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico) ou Bera - avalia a integridade da via auditiva desde o nervo auditivo até o tronco encefálico. A informação sonora recebida pelo ouvido é encaminhada ao cérebro pelo nervo auditivo e tronco cerebral, o PEATE mede os sinais elétricos desse caminho do som, indicado quando a audiometria apresenta resultado não conclusivo. E por fim, o Teste de Emissões Otoacústicas, que oferece dados importantes sobre a presença e funcionalidade das células ciliadas.Cada paciente recebe tratamento individualizado, com plano terapêutico diferenciado, levando em consideração o tempo de doença, comorbidades, sintomas apresentados e estilo de vida. A indicação para uso de aparelhos auditivos sempre é realizada quando a capacidade auditiva está alterada. Além dos desafios já enfrentados normalmente pelas pessoas com deficiência auditiva, a pandemia agravou ainda mais suas dificuldades. A barreira da comunicação impede que estas pessoas tenham autonomia e liberdade para realizar atividades simples, como fazer compras, o que já compromete o bem-estar físico, psíquico e social”, explica Catarina.

O engenheiro civil Ronaldo Luiz Marinho, de 65 anos, é paciente da fonoaudióloga Catarina Franco. Ele notou a perda há cerca de 5 anos, procurou um médico, mas este acabou não indicando o aparelho auditivo. Nos últimos tempos, por reclamações da esposa e da filha sobre a sua baixa audição, procurou novamente um otorrino, que após ver seus exames, indicou o aparelho auditivo para seu tratamento. Ele começou a usar o aparelho há poucas semanas. “Ainda estou me acostumando e minha maior dificuldade, no momento, é captar os sons mais agudos. Sempre compareço ao consultório para fazer os ajustes necessários. Hoje, percebo a importância em incluir a visita ao otorrino e fono na rotina de checkup, porque o diagnóstico precoce é a melhor solução”, destaca Ronaldo, que também é músico e tem uma grande preocupação em manter sua audição com qualidade por muito tempo ainda.

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