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Rita Manhães, uma história de amor e pioneirismo

seg, 05/06/2023 - 10:27 -- Divercidades
Categoria: 
Créditos: 
Alle Tavares e arquivo

Edição 63/2023
Texto: Mariana Müller

Na filosofia sul-africana Ubuntu, o que cada um faz, ou o que deixa de fazer, tem consequências na vida dos demais. A frase “Eu sou porque somos” — popularizada, hoje, na internet e até mesmo nos muros grafitados de cidades em todo o mundo —, traduz a jornada da diretora do Sentrinho Macaé — Sociedade de Ensino e Terapia Macaense -, Rita Manhães. Sempre de batom vermelho, que segundo a própria “transmite uma energia legal”, a professora de história, leonina e militante por natureza contra o racismo e a favor da igualdade de gênero, encarou, na década de 80, a missão pioneira de criar um espaço capaz para dar visibilidade às pessoas com deficiência, quando ainda nem existiam políticas públicas consolidadas para atender o termo inclusão. Hoje, com 68 anos, a macaense por dedicação, a avó da Amora e do Arthur, segue à frente de uma escola inclusiva, que acolhe diversidade e inspira.A partir da experiência da primeira maternidade do filho Júlio, que nasceu prematuro e com paralisia cerebral, ela reuniu seis crianças para iniciar o primeiro espaço inclusivo na cidade, inicialmente, em sua residência. A iniciativa rapidamente se espalhou por outros cantos da cidade e, a cada dia, novas crianças e jovens chegavam. “Depois que o Júlio ficou 70 dias em uma UTI e sobreviveu, toda nossa luta vale a pena”, resume sua garra.
Com o aumento da demanda, ela buscou ajuda das amigas de longa data que atuavam na área de educação, como Sandra Wyatt e Ivânia Ribeiro e, assim, no dia 8 de março de 1989 — na data em que se celebra o Dia Internacional da Mulher — ela fundou uma escola com visão transdisciplinar para atuar no desenvolvimento da cognição, do estímulo, da emoção, da criação e do afeto.A cada ano, o projeto ia recebendo mais alunos e necessitando de novos investimentos, principalmente, de uma sede. Isso porque a escola, que já tinha sido localizada na Imbetiba, mudou-se para o Bairro da Glória. Mas um incêndio destruiu tudo que ela já havia adquirido para o início das aulas naquele ano, nos idos anos de 1997. Rita não se deixou abater e, em 2007, a partir de um terreno ofertado pela Prefeitura de Macaé e do recurso doado por um projeto social da Petrobras, ela iniciou a construção da atual sede que, hoje, conta com 21 funcionários e atende 245 crianças e jovens da região, no bairro Sol e Mar.Rita revela que, durante a pandemia, o desafio de manter a folha de pagamento e garantir apoio às famílias, com alimentação e assistência, foi enorme. E, mais uma vez, ela não esmoreceu. Produziu lives, pediu apoio nas rádios e se manteve ativa.  Na sala da diretoria, onde recebeu nossa reportagem, ela reúne fotografias, trechos dessa história inspiradora. Próximo ao porta-retrato com uma imagem de seus cinco filhos — Júlio, Daniel, Fabíola, Fran e Marina —, um quadrinho resume bem seu olhar sensível à causa, inspirado na frase de um antigo provérbio sueco: ‘Ame-me quando eu menos merecer, porque é quando eu mais preciso’.

Formas de contribuir
O Sentrinho continua buscando novas fontes de recursos para ampliar sua atuação. Até o auditório já se tornou sala para atender novos alunos, que não param de chegar de outras cidades vizinhas. Um brechó é mantido na unidade, aberto ao público, de segunda a sexta, das 9h às 17h.

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