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O PUERPÉRIO E SEUS DESAFIOS PARA AS MÃES

seg, 29/04/2024 - 12:29 -- Divercidades
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Alle Tavares

Uma montanha-russa de emoções, uma mistura de alegria, exaustão, euforia e dúvidas. É assim que a maioria das mamães definem o puerpério ou período pós-parto. Na medida em que essas mulheres ajustam suas vidas à nova rotina, é natural se depararem com uma série de desafios que exigem compreensão, paciência e, acima de tudo, autocompaixão. O puerpério é o período que se inicia imediatamente após o nascimento do bebê e é descrito por muitas mulheres como um turbilhão de intensas transformações físicas, sociais e emocionais.

O que é o puerpério?
Dr. Bernardo Tostes Linhares Soares, Médico Ginecologista e Obstetra, e Infertileuta, explica de forma didática que o puerpério imediato ocorre entre o 1º e o 10º dia, o puerpério tardio ocorre do 11º ao 42º dia e o puerpério remoto, a partir do 43º dia, podendo haver variação a depender do caso, mas todas que passaram pelo parto a partir da 22ª semana de gestação, vivenciarão o processo do puerpério.
Os cuidados com essas mulheres logo no pós-parto são: com a cesariana ou com a sutura de uma possível laceração de um parto normal, o que chamamos de deiscência da sutura cirúrgica (abertura dos pontos); um hematoma que apareça; a cefaleia pós-raqui nos casos de anestesia; a mastite, que é a inflamação das mamas; a depressão pós-parto; algum problema de tireoide, patologia que acomete de 10 a 15% das mulheres; pressão alta depois do parto e mais uma série de outras questões estão ligadas ao puerpério”, explica o médico. Trata-se de uma soma de fatores complexos. É tudo novo e pode ser bastante desafiador viver esse período.

Kívia Carino, Wander Barbalho e a filha Nina

A bailarina e professora de dança Kívia Silva Carino Lima, e Wander Barbalho Leite, são pais da Nina, de 3 meses. Kívia achava que sabia como seria  passar pelo puerpério, entretanto, só vivendo pôde entender a real dimensão de tudo. Muitos desafios nos primeiros dias, amamentação, privação de sono e emoções à flor da pele.
Tive momentos de choro e tristeza sem saber o porquê e, ao mesmo tempo, a alegria de viver a maternidade. A gratidão de ter minha filha junto com a ansiedade de passar aquela fase logo”, relata Kívia, que contou com o apoio e carinho do marido, da sua mãe e da equipe que realizou seu parto.Muita fé e oração me ajudaram a passar por essa fase que, pra mim, foi a mais desafiadora até agora. Depois que Nina completou um mês, as coisas foram se encaixando melhor, fui entendendo a nova fase da vida e como cuidar da minha filha da melhor forma. A Nina precisou fazer uma cirurgia de frenectomia, mas até lá, meu peito machucou demais com a amamentação em livre demanda e precisei fazer laser para cicatrizar. Pretendo retornar ao trabalho em breve mas, por enquanto, estamos totalmente ligados à rotina da Nina e nesse tempo fui descobrindo uma nova Kívia, capaz de criar um laço tão lindo que é esse de mãe e filha”, relata.

Ana Clara Menezes, Fabrício Costa e o filho “Netinho”

Ana Clara Menezes, de 30 anos, é jornalista, empresária e digital influencer. Casada com Fabrício Costa, são pais do bebê Carlos Antônio Menezes Costa, apelidado carinhosamente de “Netinho”, que nasceu em casa, de parto humanizado, no final de janeiro. Ana conta que tentou se preparar mentalmente durante a gestação, porém, nesta mesma fase, enfrentou muitas questões emocionais. Seu maior desafio é sair de casa, já que retornou ao trabalho presencial todos os dias da semana.Meu marido trabalha de casa durante o dia e fica com Netinho para eu conseguir trabalhar fora. Voltei a trabalhar de casa quando meu filho tinha apenas 8 dias de vida. Eu e Fabrício nos revezamos nas brincadeiras com ele, massagem, banho, mas quando me vejo sozinha com o Netinho na parte da noite é que “o bicho pega” (risos), porque tem dias que levo mais de duas horas pra colocá-lo para dormir de vez. Ele cochila e acorda chorando por causa das cólicas e fica nesse looping até pegar no sono pesado”, descreve.
Ana Clara relata também que tem dias que são mais fáceis e outros nem tanto. Sua primeira frustração foi com a amamentação. “Meus seios ficaram intocáveis enquanto meu filho chorava de fome e foi nessa hora que senti o gosto amargo da tal culpa que nasce junto com a mãe. A maternidade nos transforma e quando você se dá conta, já não é mais a mesma. Sei que o que sinto é transitório e no final dessa jornada, quero me reconhecer mãe, forte, madura e corajosa, com um motivo muito melhor pra viver, meu filho, meu bem-querer”, finaliza.

Bruna Cerqueira, Victor Golozov e a filha Lara

Bruna Franco Cerqueira Golosov Cure, de 36 anos, é farmacêutica por formação e empresária do ramo da moda por vocação e escolha. Casada com Victor Golosov Cure, são pais da Lara, que nasceu no dia 9 de janeiro deste ano.

Bruna conta que já imaginava o que iria viver, já que sua gravidez foi planejada e, além disso, contou com relatos de pessoas próximas que passaram pelo puerpério, o que a motivou a se preparar melhor psicologicamente e na organização de sua rede de apoio.
Os primeiros dias são muito intensos, a chegada em casa, a adaptação, a amamentação exclusiva no peito que deixa a rotina mais cansativa. Nas primeiras semanas, contei com minha mãe e minha irmã, que não moram em Macaé e, à noite, eu tinha ajuda de uma técnica de enfermagem quatro vezes na semana. Eu e o Vitor nos revezamos também, mas decidimos ficar com uma profissional todos os dias à noite, porque eu me sinto mais segura com alguém por perto. Depois de 15 dias, passei a ficar com ela o dia inteiro sozinha, mal conseguia comer ou tomar banho. Quando a técnica chegava às 20h, era meu momento de descanso, mas amamentava de  madrugada. Meu marido é médico e, com a rotina intensa de trabalho, precisamos nos readaptar. Eu tive Covid, o que fez com que meu leite secasse e Lara entrasse na mamadeira quase que integral. Tirava leite só à noite para dar a ela e, ainda assim, saía pouco. Com 30 dias, voltei a gravar conteúdo para minha loja em casa mesmo, e com 60 dias já retomei a rotina da academia devagar”, detalha Bruna.A psicóloga Millena Cardoso dos Santos Diogo, Mestre em Saúde e Desenvolvimento Humano e Especialista em Obstetrícia e Perinatalidade, explica que o puerpério é um momento de transição, onde ocorrem intensas alterações fisiológicas e psicológicas nas mulheres, envolvendo tanto aspectos hormonais como questões familiares e pessoais.
Privação de sono, choro repentino, melancolia, sentimentos ambíguos de alegria e tristeza, sensação de solidão que, muitas vezes, nem a mulher entende, são alguns dos sintomas do puerpério. É o conhecido “Baby Blues”, que acomete cerca de 80% das mulheres. Nos preparamos para uma entrevista de emprego, um concurso, uma festa de casamento, mas para o evento mais impactante, intenso e desafiador de nossas vidas a gente não se prepara. Estamos falando de um casal conjugal que está se preparando para virar um casal parental”, explica a psicóloga, pontuando, ainda, mais fatores importantes.As mulheres se deparam com o retorno ao trabalho, culpabilidade em ter que deixar o filho com terceiros, mudanças e adaptações, novas habilidades que precisam adquirir, mudança na vida social e algumas relatam sentimento de solidão. Quando pensamos em gerar uma vida, precisamos pensar em promover saúde mental para a mãe, pai e para o bebê. Então, estamos promovendo uma mudança de geração”, finaliza Millena.

Edição 67/2024
Texto Renatta Viana

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