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O samba sobe ao palco

ter, 05/05/2020 - 13:15 -- Carlos Fernandes
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(Foto Studio SCS)
Samba

Símbolo cultural brasileiro, patrimônio imaterial e Patrimônio da Humanidade reconhecido pela Unesco. Mais de um século de uma rica história que começou com Donga, em 1916, e foi enriquecida até chegar à nova geração. Em Macaé, não é diferente. Do pioneirismo de Benedito Lacerda, passando por redutos como o Bico da Coruja, novos sambistas preservam este belo capítulo da cultura na cidade.
Isso se confirma quando a paixão pelo samba explode no vozeirão de Amanda Amado, que tem em sua família o DNA do samba. Neta de Tia Gessy, que já recebeu os maiores nomes do samba em seus eventos no Rio de Janeiro, Amanda aprendeu a amar o ritmo desde a infância. Seu talento precoce a levou, ainda criança, ao projeto cultural CIEMH2, onde, com sua primeira banda, a ART.1, se apresentou em festivais nacionais
e internacionais, incluindo uma cerimônia na Suécia, no castelo da Rainha Silvia.Amanda Amado
Já em carreira solo e se dedicando exclusivamente ao samba, abriu shows de grupos renomados e fez música com seus ídolos. “Tive a oportunidade de trabalhar com pessoas conceituadas no meio e queridíssimas por mim, como o Leandro Sapucahy, que produziu meu primeiro CD e o Wilson Prateado, que produziu minha música “Era Amor”. E já dividi palco com Diogo Nogueira, Arlindo Cruz, Fundo de Quintal, Péricles e outros nomes tão importantes”, conta.
Em 2013, Amanda Amado ainda integrou o time de participantes do “The Voice Brasil”, da Rede Globo. “O programa me trouxe visibilidade nacional e alcancei lugares que jamais pensei chegar”, diz.
Além do novo single “Juro que tentei mudar”, ainda este ano, Amanda lança o EP “Rara”. “Tenho buscado referências dos sons que fazia antes de me dedicar somente ao samba. Espero conseguir, em breve, levar meu som e minhas letras para todo o país e, quem sabe, para o exterior também”, planeja Amanda.

 

Um jovem veterano

Cantor, instrumentista, compositor, diretor musical, professor, preparador vocal, ator... Apesar do currículo de um artista da velha guarda, Ricardo Badaró acumulou essas experiências ao longo dos seus 31 anos. Nascido em berço sambista, ele cresceu tendo na sua família seus primeiros mestres. 
Tenho vivo na memória os almoços de família, a batucada... Fiz até uma música que se chama ‘Sabor de Infância’ narrando esse momento. Além desse laço biológico, sou filho adotivo de um casal que me apresentou um samba mais antigo, da Época do Rádio”, lembra Ricardo.
Dessa forma, se tornou profissional tendo as melhores influências no samba, como Cartola, Chico Buarque, Zeca Pagodinho, Dona Ivone Lara e Fundo de Quintal. E realizou um grande sonho: abriu o show do mestre Monarco da Portela, no Sentrinho. “Esse momento me mostrou que o samba é amor, é política, é convergência social, é resistência, é humor, enfim, é brasileiro!”, fala.

Ricardo Badaró
Badaró teve a chance de juntar todos esses elementos no espetáculo “Não deixe o samba morrer”, apresentado com muito sucesso no Teatro Municipal de Macaé, em comemoração ao centenário do samba. “Fui convidado para a produção musical e foi um espetáculo belíssimo, com apresentações lotadas e a colaboração de tantos amigos unidos pelo amor ao samba”, pontua.
Recentemente, Ricardo Badaró lançou o seu primeiro CD, intitulado ‘Pra que Veio’, mesmo nome do show apresentado no final de 2017 no Teatro Municipal e que marcou o pré-lançamento do álbum. A apresentação teve Amanda Amado e Andrea Martins como convidadas especiais, além do Mestre Carlinhos 7 Cordas, que assinou a produção do CD. “É um título que reafirma o meu posicionamento nessa nova etapa da minha carreira”.
E para manter o movimento cultural do samba, ele ainda promove uma roda de samba com convidados no Pub Style, toda primeira sexta-feira do mês. “Macaé tem seus redutos do samba e eu agradeço a quem pôde abrir a porta para que essa nova geração, na qual me incluo, pudesse entrar”, agradece.

 

A caçula da família

Entre os jovens veteranos, o título de caçula dos palcos fica para a cantora Andrea Martins. Isso porque, apesar da sua ligação com o samba vir desde a sua infância, a cantora só se lançou como profissional aos 40 anos, em 2014, no show “Divas”, realizado no Sentrinho. E de lá para cá, a correria para conciliar todas as suas atividades só aumenta, assim como os convites para apresentações.
Cantar sempre foi uma vontade, mas acabei tendo outras prioridades na vida. Casei e tive filhos cedo, sou professora e diretora de escola pública, então o tempo ficou curto. Mas hoje, com os filhos criados e a vida mais estabilizada, estou me dando ao luxo de realizar esse sonho”, conta.
Aliás, a palavra “luxo” define bem o show “Eu e Elas”. O espetáculo, que conta com a direção geral do músico Robson Farah, estreou em junho, com grande sucesso, no Teatro Municipal. Um presentão para Andrea que, na ocasião, celebrou seus 45 anos em uma festa com todos os ingredientes que um evento como esse pede: ótima música, um belo cenário, plateia lotada e convidados especiais, como Amanda Amado e Ricardo Badaró.

Andrea Martins
O samba é o ritmo mestre nesse show, pois sempre esteve presente na minha vida. Admiro as guerreiras da minha família, que sempre ouviram mulheres fortes como elas. Assim conheci Gal, Bethânia, Elis, Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Alcione, Elza Soares, entre outras. Daí o nome, pois todas essas mulheres habitam em mim”, explica Andrea.
Mas nesse resgate, também há espaço para os grandes mestres. “Tenho muito orgulho em ser mais uma mulher nas rodas de samba. É um ritmo universal, um patrimônio, que não está mais preso a um reduto, a uma classe social. O samba tem uma história muito forte e todos merecem conhecê-la”, afirma Andrea, que agora planeja a turnê com o show “Eu e Elas”.


O samba vai onde o povo está

Sob o comando dos amigos Netinho Carvalho (reco-reco e voz), Badô (banjo), Niltinho (tantan) e Fransergio (pandeiro), o Samba da Vila se tornou um sucesso. E após dois anos, com tanta repercussão, estão à procura de um espaço maior para realizar novas edições da roda de samba.
Começamos na Vila João Rangel de Brito, no Centro, onde fui criado, e não imaginávamos chegar onde chegamos. Tivemos momentos marcantes, como quando recebemos o Grupo Fundo de Quintal e o compositor Toninho Geraes. Também nos apresentamos no Renascença Clube, no Rio de Janeiro, a convite do Grupo Arruda”, lembra Badô.

Samba da Vila
Nessa caminhada, o Samba da Vila faz questão de valorizar os artistas locais. De acordo com eles, Macaé é um reduto de talentos que seguem batalhando para manter erguida a bandeira do samba.
Macaé sempre teve sambistas de enorme talento. No nosso projeto, convidamos o pessoal da cidade e procuramos deixar algo de bom, como eles nos deixaram, para as gerações que vêm chegando com muito talento”, finaliza.

 

O tempo vai passando e o samba vai seguindo

O livro do samba de Macaé guarda as histórias de muitos grupos. Uma delas é a do Mistura Rica. Um capítulo que inicia antes mesmo da formação do grupo. Isso porque, apesar de ter nascido em 2006, a trajetória na música de Júnior (voz e reco), Marcelo (cavaco), João (violão), Pablo (banjo), Adilson (pandeiro), Davi (tantan), Marquinhos (surdo) e Adelson (bateria) começou bem antes. 

Mistura Rica
Tocávamos em outros grupos, como Nação do Samba, Sem Limite, Ginga Negra e Nosso Prazer. Então, nos juntamos para fazer os eventos que nossas bandas, eventualmente, não tocavam. E o que iniciou com aniversários e pequenas ocasiões, logo cresceu”, lembra Marcelo Duque.
O Mistura Rica formou seu público e segue junto pelos palcos de Macaé e da região, sempre repletos de metas. “Nesses 12 anos, cada dia foi uma experiência maravilhosa, pois amamos o que fazemos. Agora, o sonho é gravar um álbum e rodar o Brasil com nosso som”, planeja Ricardo Júnior.
Tudo, claro, sem esquecer seu público local. “Estamos todo mês no ‘Cariocando’, em Rio das Ostras, vamos retornar com o nosso samba na Rinha das Artes, além de tocarmos em festas e eventos”, adianta Marcelo.

 

O aval de quem sabe

“Respeite quem pode chegar onde a gente chegou”, diz a letra do samba que representa bem a trajetória de Adilson Firmeza, apresentador do “Pagode Samba Show”, no ar há 27 anos nas manhãs de domingo pela FM 101. Tempo que valeu o registro no Guinness Book Brasil.
O radialista Adilson Firmeza entrou para o Guinness Book Brasil com o progtama de samba há mais tempo no ar, o "Pagode Samba Show". (Arquivo)Adilson vem de uma tradição familiar no samba, e mesmo antes do “Pagode Samba Show”, em 1991, ele já produzia programas do gênero. Desde a estreia, o programa trouxe vários artistas do samba em suas festas de aniversário e também deu origem ao “Pagosamba”, que vai ao ar aos sábados. Adilson Firmeza sempre busca incentivar o movimento do samba em Macaé.
Estou gostando de ver essa galera que está chegando agora, com uma pegada diferente. São novos produtores, eventos, grupos, cantores de primeira linha e muitos redutos de samba de muita qualidade”, avalia.
A renovação no cenário considerada por ele natural, inevitavelmente também passará pelo rádio. “Há um desgaste depois de todos esses anos. Mas almejo uma grande festa para comemorar os 30 anos do programa, com o lançamento de um livro. Depois disso, dever cumprido com a consciência de que escrevi uma história importante no rádio”, conclui.


  
Espaços para o samba

Os projetos de samba de raiz também encontram espaço em casas de show, bares e restaurantes de Macaé que, definitivamente, incluíram o ritmo em seu “menu” de atrações. É o caso do Restaurante Cafundó, no Visconde de Araújo.Cafundó
Percebemos que em Macaé há vários bons artistas. E faz parte do conceito do Cafundó e da forma como a gente pretende ganhar mais mercado: dar espaço para que apresentem um trabalho de qualidade”, afirma Marcelus Siqueira, dono do Cafundó.
É com esse espírito de acolhimento e respeito ao samba que a casa vem encantando os amantes da boa música. “Procuramos sempre oferecer o melhor e o retorno do público é muito positivo. Vemos que o samba está vivo, graças a Deus”, comemora o empresário.

 

Texto Carlos Fernandes

Edição nº 47/ setembro 2018

Revista Digital

 

 

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