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Peladeiros de Macaé

seg, 26/08/2013 - 11:51 -- Divercidades
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Foto Portal Divercidades
peladeiros do clube dos 30 de Macaé

O sonho de ser jogador de futebol é comum entre muitos meninos brasileiros. Mas, a grande maioria acaba seguindo outros rumos profissionais quando chega à fase adulta. Embora o sonho não se torne realidade para muitos, os homens encontram uma forma para ficarem mais perto da paixão nacional se tornando peladeiros.

Em Macaé, vários peladeiros se aventuram nos campos de areia, de terra, de asfalto, de grama sintética, na quadra e no que mais puder servir como chão para a bola rolar. Eles levam o jogo a sério, brigam, xingam, extravasam e liberam as energias. Mas, quando a partida termina, todo mundo se reúne num clima de descontração com bate-papo e cerveja.

Para o engenheiro mecânico, Ariano Vilar Trindade, de 56 anos, a pelada serviu como meio para fazer novas amizades em Macaé. Há oito anos, Ariano participa de um grupo de peladeiros chamado de Clube dos 30. O Clube dos 30 foi fundado em 1992 quando 30 funcionários da Petrobras decidiram comprar um terreno no bairro São Marcos para fazer um campo de futebol e área de lazer onde pudessem jogar as peladas e confraternizar. O grupo é fechado, mas, atualmente, há integrantes convidados que não são funcionários da Petrobras. Ariano Vilar e o fundador do Clube dos 30 de Macaé

“Eu sou peladeiro há 40 anos. A pelada é encontrar os amigos, participar de uma comunidade, fazer o exercício, relaxar, beber uma cerveja gelada e fazer o churrasco depois. É o convívio com as pessoas. Todos os grupos de pelada que participei tinham isso”, fala Ariano.

Cerca de 40 homens de várias idades fazem parte do Clube dos 30 e as peladas acontecem uma vez por semana, sempre aos sábados pela manhã. Eles jogam futebol society e são oito jogadores de cada lado e um juiz. O grupo leva a pelada tão a sério, que organiza ranking dos artilheiros e classificação geral dos peladeiros. O Clube dos 30 possui até um hino.

O técnico de planejamento Marcyo da Rocha Brazileiro, de 29 anos, é o atual artilheiro do Clube dos 30. O pai dele foi um dos 30 funcionários da Petrobras que comprou o terreno. Marcyo frequentava a pelada desde os 15 anos, quando via o pai jogar.

“Antes do futebol, a gente reza e toma café da manhã junto. A gente fica a semana inteira esperando o sábado para jogar futebol. Tem gente de toda idade. Alguns se preparam muito durante a semana para a partida. Tem gente que malha, caminha e, tudo para jogar melhor no sábado. Às vezes o jogo esquenta. Mas, o clima é muito bom”, diz Marcyo.

peladeiros do Clube dos 30 de Macaé

O agente de vendas Ueligton Emechi, de 40 anos, joga com a mesma turma de peladeiros há mais de 12 anos, no bairro Aroeira. Toda terça e quinta-feira à noite ele se exercita jogando futebol society de grama sintética. “Pra mim a pelada é um alívio, tira o estresse. Ali o negócio é distração. Às vezes sai confusão por causa de um “lençol”, uma derrota muito feia. Mas, depois tudo fica bem”, fala Ueligton.

O representante de vendas Fábio Brandão, de 40 anos, também joga no grupo de Ueligton. Ele afirma que desde os 7 anos de idade, quando ganhou uma bola e uniforme já se tornou um peladeiro. “Eu vejo a pelada como uma terapia de grupo porque nos faz bem. A gente encontra os amigos, joga o futebol, toma a cerveja e ainda tem a resenha (bate-papo descontraído sobre o que aconteceu na partida, lances polêmicos e engraçados). Faz bem não só pelo esporte, mas também pelo lado psicológico. Na pelada você conhece pessoas, cria laços e você passa a ter mais importância na vida deles e eles na sua”, opina Fábio. 

Manoel Carlos Barbosa, 54 anos, também se considera peladeiro desde a infância. Ele joga futebol de salão duas vezes por semana, no Centro. “O futebol é como se fosse um lazer e é uma ótima forma de cuidar da saúde também. Conheço todo mundo que joga. Tenho colegas que não jogam mais. Mas, que os filhos deles jogam comigo, atualmente”, diz Manoel.

As resenhas inesquecíveis

Sempre tem uma história de pelada que os peladeiros nunca esquecem, seja um lance muito polêmico que gerou comentários durante dias, uma confusão que deixa os ânimos exaltados, as situações inesperadas e até as emocionantes. Em Macaé, não é diferente.

Fábio Brandão não se esquece do episódio do Morro Grande. “A história mais hilária que eu já passei foi quando o time adversário foi atacar e o goleiro do meu time saiu do gol porque teve dor de barriga. O cara saiu do gol às pressas porque não estava aguentando. Até hoje o goleiro leva essa história na brincadeira.”

Manoel Carlos Barbosa conta como surgiu o apelido de um colega peladeiro. “No dia da pelada teve um jogo do Brasil e, esse meu colega tinha bebido antes. Durante o jogo ele capotou no meio da quadra, do nada. Toda hora ele tropeçava. Ele começava a correr e tropeçava nos próprios pés. Por causa disso, o apelido dele virou Brasil”, recorda Manoel.

peladeiros do Clube dos 30 de Macaé

Ariano Vilar Trindade não se esquece da indignação de um peladeiro por causa da marcação de um pênalti. “O juiz marcou o pênalti e esse jogador não concordou. Ficou tão irritado que até saiu da pelada. Ele xingou o juiz, me xingou e saiu muito aborrecido. Mas, na semana seguinte já tinha esquecido tudo”, fala. 

Já Marcyo da Rocha Brazileiro viveu um momento inusitado na pelada. “O Ariano Vilar é lateral esquerdo e ele normalmente não sobe, fica sempre defendendo. Então, é difícil ele fazer gol. Ele estava jogando contra o meu time e fez um gol. Então, eu comemorei com ele o gol que ele marcou contra o meu time porque é tão raro ele fazer gol que mesmo como adversário eu fiquei feliz e comemorei com ele. Ele ficou emocionado”, recorda Marcyo.

 

 

Comentários

Enviado por Mauro Pereira em
Avisa pra "tiurma" que eu voltei. Em breve estarei retornado, de leve, às peladas trintenses. Abc.

Enviado por Aldo Trindade em
Sou irmão de Ariano e numa visita a ele, me levou para participar da pelada. Na metade do jogo meu time estava perdendo. Aí, numa das permutas, Ariano passou para juiz. Meu time virou o jogo (claro, time bom sabe reagir). Nisso chegou um jogador da equipe que agora perdia e falou: Ariano, deixa o time jogar... Cai na risada porque era óbvio que iam fazer a relação entre a mudança de juiz e a virada do jogo. Turma muito boa, muito perna de pau, mas briga saudável. Continuem!

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