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JIU-JÍTSU, a arte suave

seg, 27/04/2020 - 11:38 -- Carlos Fernandes
Categoria: 
Créditos: 
Alle Tavares
Jiu-jítsu

Uma história milenar que começa na Índia budista, migra para o Japão dos samurais e chega ao Brasil, onde foi aprimorada pelos irmãos Gracie. Essa foi a trajetória do Jiu-jítsu até se transformar no BJJ (Brazilian Jiu-jítsu ). Superando o estigma de violento, inflamado pelos “bad boys” da década de 1990, a “Arte Suave” (significado de Jiu-jítsu) ressurgiu, reforçando valores que vão muito além do tatame, como: respeito, disciplina, humildade, equilíbrio e autoconfiança.Atletas de jiu jítsy
E os talentos de Macaé têm levado o nome da cidade aos pódios, pelo mundo. Muito disso se deve aos pioneiros do esporte, como o mestre Cláudio Joanino. “Em 1994, quando cheguei em Macaé, o Jiu-jítsu  era considerado violento. Mas esse perfil mudou e hoje é um esporte que os pais confiam que seus filhos aprendam”, comenta o mestre.

Cláudio Joanino

Joanino viu muitos talentos passarem pelos tatames ao longo desses anos e afirma que Macaé é uma cidade com vocação para formar campeões. “Temos excelentes lutadores e, com um apoio maior, com certeza teríamos mais atletas trazendo bons resultados para nossa cidade”, afirma.
O professor acredita que o Jiu-jítsu  tende a crescer ainda mais. “O Jiu-jítsu está no mundo todo e pode estar nas Olimpíadas em um futuro próximo. Nossos dirigentes deveriam investir no esporte, pois há muitos talentos por aí”, enfatiza.

Formando novos campeões

Mestre Fred e atletas
São 25 anos de “Jiu-jítsu Life Style”. Com um passado vitorioso em competições, que o levou a ser um dos nomes mais conhecidos do esporte na cidade, o faixa-preta Fred Buys hoje se dedica a passar os seus conhecimentos, mostrando que o Jiu-jítsu fortalece corpo e mente.
Um dos primeiros alunos do mestre Renato Ferro em Macaé, Fred Buys quer que outros tenham a chance que ele teve de escrever uma história vitoriosa. “Meu mestre me levou à Carlson Gracie, no Rio de Janeiro, onde treinei com nomes como Murilo Bustamante, Zé Mário Sperry e Ricardo Libório. Depois, eles fundaram a BTT e fomos para lá. Fui sparring (pessoa que auxilia no preparo do lutador) do Minotauro e do Minotouro, do Ricardo Arona, do Carlão Barreto. O Renato Ferro me ensinou tudo e os mestres do Rio me lapidaram”, diz.
Com toda essa bagagem, Fred foi campeão brasileiro em 2000 e campeão mundial em 2000, 2001 e 2003. Este último, ele guarda com muito carinho. “Sem dúvidas, foi o título mais importante. Fiz a final contra o Paulo César da Conceição, que um ano antes me venceu, me impedindo de ir à semifinal. E foi o ano em que minha filha nasceu. Uma luta dura, mas ganhei esse presente inesquecível na minha última competição”, lembra.
Fred buys e atletasDepois de 2003, Fred foi se dedicar à sua família e aos outros sonhos profissionais. Até que decidiu passar pra frente tudo que aprendeu. “Me descobri professor de uns anos para cá. Resolvi passar minha experiência não só aos jovens, pois sou um exemplo de que nunca é tarde para começar”, afirma, lembrando que começou aos 34 anos.
Além das aulas em um dojô na sua casa, Fred Buys também ensina Jiu-jítsu  na Associação de Moradores do Mirante da Lagoa e tem um projeto chamado “Jiu-jítsu  Interativo”, para inclusão da modalidade nas escolas. “O Jiu-jítsu  ensina muitos bons conceitos. É saudável para o corpo e para a mente”, finaliza Fred.

 

Arte Suave em família

Eduardo Cancela
Ele é campeão sul-americano da International Brazilian Jiu-jítsu Federation (IBJJF), vice-campeão brasileiro, campeão do Brazilian National, da UEAJJF (federação de Abu Dabi), bicampeão estadual da Federação de Jiu-jítsu do Rio de Janeiro (FJJRio), além de ter vitórias em campeonatos locais e regionais. Parece o currículo de um lutador adulto, mas são títulos de um super campeão de apenas 9 anos, o Eduardo Cancela. Aluno há 5 anos da Gracie Humaitá Macaé, dos mestres Paulo César Maillet e Isaac Guimarães, o talento mirim se destaca cada vez mais.
Eduardo treina de segunda a sexta-feira e, duas vezes na semana ainda pratica outra modalidade, o Wrestling. Fora do tatame, disciplina de profissional, cuidados com a alimentação, acompanhamento nutricional e físico. Se sobra tempo para outras atividades? Ele responde. “Treino todos os dias, estudo à tarde, brinco, jogo bola e tiro notas boas”, diz rindo.
Sobre o futuro, a resposta está na ponta da língua. “Quero ser lutador!”, afirma enumerando ídolos, como Leandro Lo, Erberth Santos, Rodolfo Vieira e Keith McKenzie. Já os seus maiores fãs estão por perto o tempo todo. Isso porque sua paixão pelo Jiu-jítsu contagiou a família. “Comecei a treinar, meu pai quis também, puxou minha mãe, que trouxe minha irmã, que vai trazer meu irmão”, adianta.
Eduardo e seu pai Everaldo CruzEveraldo Cuz começou a treinar cinco meses depois do filho e acompanha de perto a carreira dele. “Apesar da disciplina de atleta e das pressões do esporte, sempre lembramos ao Dudu que ele é uma criança. Ele entende isso e se diverte lutando. Queremos que ele siga no esporte, sendo competidor ou não. Eu o apoio incondicionalmente”, fala orgulhoso. 
O pai testemunhou a maturidade de gente grande do filho, quando fraturou o braço durante o Estadual e ficou fora do Brasileiro do ano passado. A recuperação exigiu dedicação, mas terminou com o Eduardo campeão sul-americano. Mas nem isso deixou Everaldo com o coração tão apertado quanto pensar em uma possibilidade. “Todo garoto que tem bons resultados, cogita o MMA. Mas é algo que nem consigo imaginar, pois não conseguiria vê-lo levando socos e chutes”, finaliza Everaldo.

 

Das ondas do rádio para o alto do pódio

Eduardo Lemos
Pai, locutor, professor e, em meio a tudo isso, treinos na Gracie Humaitá e preparação para competições. Essa é a agenda diária de Eduardo Lemos, da Rádio 95 FM e líder do ranking da Confederação Brasileira de Jiu-jítsu (CBJJ) na categoria Máster.  
Após o início em 1999 e 3 anos de treinos, a correria freou a carreira esportiva. Porém, após a volta em 2012, os resultados foram expressivos. “Em 2013, fui graduado à faixa roxa, vice-campeão brasileiro e mundial e conquistei os Opens de Gramado-RS e Brasília-DF. Em 2016, cheguei à faixa marrom e o objetivo passou a ser o primeiro lugar no ranking nacional. Fui campeão em BH, Rio, Floripa e Curitiba pela CBJJ e conquistei o Mundial de Jiu-jítsu Olímpico. Em 2017, estive no pódio em uns 20 campeonatos e as batalhas continuam”, projeta.
Eduardo Lemos 1º lugarE apesar de sua agenda agitada, de uma atividade ele não abre mão: o projeto social “Macaé Vai à Luta”. “Ser professor começou como um trabalho, mas hoje é algo muito maior. No “Macaé Vai à Luta” tenho o compromisso de educar utilizando o esporte para formar bons adolescentes e futuros adultos responsáveis”, explica.

 

Girl Power do Jiu-jítsu

Um dos orgulhos do “Macaé Vai à Luta” é Leiliane Oliveira Alves, a Lili, não só por suas conquistas no tatame, mas pela garra em superar os obstáculos desde que começou a treinar, há dois anos. “Perdi o emprego e fui me inscrever na academia popular no Ginásio Municipal, que era gratuita. Não tinha vaga, mas ao lado tinha uma aula e tive a sorte de conhecer o mestre Ranieri Fernandes, que me convidou para participar. Desse dia em diante achei um novo caminho, um novo sentido”, relembra Lili.

Atleta Leiliane Oliveira
Com apenas três meses de treinamento, já era campeã do Mundial de Jiu-jítsu Região dos Lagos 2016 em sua categoria. E, além de competições locais e regionais, se sagrou campeã brasileira de Jiu-jítsu Sem Kimono da CBJJ; terceiro lugar do Brasileiro da CBJJ em Barueri-SP; campeã mundial da CBJJO, campeã sul-americana da CBJJO, campeã pan-americana da CBJJO, segundo lugar no Internacional de Master da IBFJJ; campeã do Internacional Open Championship CBJJ, campeã mundial da CBJJP e campeã do Brazilian Internacional Open da CBJJ.
E Lili tem grandes metas. A maior delas, o Mundial da Califórnia. Mas, sem patrocínios, ela ainda depende da ajuda financeira de seu mestre e de amigos para lutar nos eventos para os quais se classifica.
Cada conquista não é só minha, pois sem eles não teria evoluído como atleta. Para mim, o “Macaé vai à Luta” representou um novo caminho e um grande desafio. É um ótimo projeto, um celeiro de atletas com potencial, mas sem oportunidades”, afirma Lili.

 

Muito além do tatame

competição
Se há quem lute para vencer no tatame, há quem batalhe também fora dele para que novos campeões possam surgir. É o caso do empresário João Lemos, da Pacific Catering. Faixa preta de Jiu-jítsu, ele fundou o “Jovens Atletas”, que busca viabilizar a ida de lutadores para competições. A ideia surgiu de uma conversa com Luan Carvalho, proprietário da Oak Jiu-jítsu Academy, em que descobriu que jovens bolsistas da academia, com talento para representar Macaé em competições, não tinham recursos para isso.
Sempre apoiei projetos pela Pacific Catering e comecei a pensar como poderia fazer para mudar essa realidade. Só que esbarrei no alto custo e na atual situação do mercado. Por mais que o nosso desejo seja ajudar, temos que fazer contas para não afetar a saúde financeira da empresa”, explica.Empresário e atletas
Foi então que João resolveu convocar seus parceiros em outros projetos. E a ideia foi prontamente abraçada por Ciro Ken, da 100% Vídeo & Fun, e Eduardo e Edson Zukeran, da Clínica São Lucas. Hoje, também fazem parte do time Maria Amelia Noriega, da farmácia de manipulação Água Viva, e Ricardo Salgado, da Academia Infinity.
João Lemos toca o projeto com os atletas faixas-pretas e professores na Oak Jiu-jítsu Academy, Luan Carvalho e Eduardo Campos. Entre os contemplados estão Marina Mattos, Marruas Siqueira, Alexandre Ribeiro, Carlos Murta, Jhonatan Batista e Eduardo Campos, todos com um histórico de bons resultados nas competições da IBJJF.
Para João, as empresas devem contribuir para a formação de bons cidadãos. E convoca outros interessados em abraçar o “Jovem Atleta”. “As empresas precisam entender que esses jovens precisam de apoio. O que fizermos por eles é o que eles farão pelo próximo no futuro”, afirma João.

Texto Carlos Fernandes

Edição nº 46/ Julho 2018

Revista Digital

 

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