Marialva Gentil
Há 69 anos, quando Marialva Neto nasceu em Macaé, a cidade era um local pacato, onde os moradores ainda se conheciam pelo nome. Na infância, a menina Marialva foi livre e conviveu muito com os vizinhos e amigos. Sua família era tradicional no comércio da cidade. O negócio foi iniciado pelo avô e seguido pelo pai. “Papai tinha o armarinho ‘A Garota’ que ficava na Imbetiba, onde morávamos. Minha infância foi maravilhosa, uma infância de rua. Eu frequentava o cinema Taboada, o Fluminense (clube) e o ginásio do Luiz Reid”, recorda com saudades.
Sua formação escolar aconteceu em dois colégios públicos. Nas décadas de 1950 e 1960, era preciso fazer exame (teste de seleção) para entrar e estudar nos colégios Luiz Reid e Matias Neto, admirados por toda a comunidade pela reputação do bom ensino. Naquela época, ela não tinha ideia de que a educação marcaria sua vida, assim como sua beleza a faria muito conhecida, para além das fronteiras de Macaé.
Em 1967, a jovem participou do concurso de Miss Macaé e venceu. A coroação como a mulher mais bela da cidade permitiu a Marialva viajar e conhecer vários outros lugares do Estado do Rio, passando a receber convites para desfilar.
“Fiquei uma semana viajando pelo estado. Eu também participei do concurso de Miss do Estado do Rio, que foi em Campos dos Goytacazes. Fui muito prestigiada, várias pessoas de Macaé estiveram no concurso e teve uma turma que levou uma faixa com os dizeres: ‘Marialva, Macaé confia em você’, relata.
Ela não venceu o concurso estadual mas, naquela ocasião, teve um encontro muito especial. Foi na competição de beleza em Campos que Marialva conheceu Antonio Osvaldo Gentil , com quem mais tarde, no ano de 1969, se casaria e, portanto, alteraria o nome para Marialva Neto Gentil. Dessa fase, a macaense lembra das pessoas que a apoiaram nos concursos, como o amigo e então prefeito de Macaé, Cláudio Moacyr Azevedo, sua mãe, Dona Irani, que costurava todas as roupas dos desfiles, e ainda, Giovana Besada, da Malharia Monviso, que desenhava as roupas que a miss usava.
A vida de miss durou pouco. Logo, ela casou e foi morar em Conceição de Macabu, nos anos 1970, onde teve seus dois filhos: Pierre e Antonio. Em Macabu, iniciou carreira na área de educação, como alfabetizadora. Em 1974, integrou a primeira turma de Letras da cidade de Macaé, na Fafima (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé). Marialva se formou em 1977 e se tornou professora.
Anos mais tarde, na década de 1990, se mudou com a família para Macaé. Nessa fase, ela era servidora pública e atuava no Governo do Estado, ligada à Secretaria de Educação, na coordenadoria de educação dos municípios da baixada litorânea, que incluía Macaé, entre outras 10 cidades.
A professora se orgulha ao lembrar dos avanços que chegaram a Macaé com sua contribuição. “Naquele época, trouxemos 5 Cieps (Centro Integrado de Educação Pública) para Macaé”.
Em 1993, Marialva foi convidada pelo então prefeito de Macaé, Carlos Emir Mussi, a se tornar secretária municipal de educação, cargo que assumiu e permaneceu até o fim do mandato em 1996. “Foram quatro anos de muito aprendizado. Quando você está no poder, você precisa fazer pelo próximo. A porta do meu gabinete vivia aberta. Nós criamos 11 escolas e ampliamos outras nove”, comenta. Marialva se orgulha da sua atuação e das contribuições que deu para a educação pública estadual e municipal, em diversos períodos políticos. “Já trabalhei com Carlos Emir, com Riverton Mussi, com Marilena Garcia e com Aluízio Júnior”, fala.
Família e viagens
Marialva fala com carinho e orgulho da família, dos filhos Pierre e Antonio, dos netos Vitor, Júlia e Miguel, de Jean (filho de Osvaldo) e dos filhos de Jean: Gabriela, Marcelo e Isabela, e do seu marido Antonio Osvaldo.
No Sana, onde o casal tem uma casa, a família sempre se reúne junto com os amigos, onde realizam festas e comemoram a vida.
Sua outra paixão é viajar. Em 2004, ela fez sua primeira viagem internacional, indo para a Itália, e depois disso não parou mais.
A macaense já visitou Argentina, França, Suíça, Marrocos e Emirados Árabes Unidos. Dessa forma, e no auge da sua melhor idade, Marialva Neto Gentil vai levando a beleza macaense mundo afora.
Texto Leila Pinho