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Entrevista com Leonardo da Silva

sex, 19/07/2013 - 12:56 -- Divercidades
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Leonardo Anderson da Silva, presidente do Macaé Convention e Visitors Bureau

Com o 2º maior parque hoteleiro e o 3º maior centro de convenções do Estado do Rio de Janeiro e expressivo turismo de negócios, Macaé caminha para o desenvolvimento turístico e enfrenta desafios para aproveitar melhor os atrativos que dispõe e otimizar o segmento econômico.

Nesse cenário, o Macaé Convention & Visitors Bureau atua como importante instituição capaz de promover e fomentar o turismo e auxiliar na abertura de novos negócios para o setor. Em entrevista ao Portal Divercidades, o presidente do Macaé Convention & Visitors Bureau, Leonardo Anderson da Silva, fala sobre os potenciais turísticos da cidade, os desafios enfrentados para fazer o segmento crescer, os avanços, o sucesso do Festival Macaé de Cultura e Gastronomia e, os planos para o futuro. 

Entre os projetos do Macaé Convention & Visitors Bureau para possível criação de produtos turísticos, dois chamam a atenção: o museu do petróleo com a utilização de plataforma desativada e um “oceanário”.

 

Portal Divercidades - O Macaé Convention & Visitors Bureau possui quantos associados?

Leonardo - Cerca de 80 associados.

 

Portal Divercidades - Cite alguns tipos de estabelecimentos associados.

Leonardo – Os nossos associados são empresas e entidades ligadas ao turismo como hotéis, restaurantes, empresas de eventos, shopping, etc.

 

Portal Divercidades - Qual é a representatividade do turismo de negócios em Macaé?

Leonardo -  Hoje, o turismo de negócios em Macaé representa 85% da ocupação do setor hoteleiro e 13% do PIB (Produto Interno Bruto) municipal. Esse número é bem expressivo.

 

Portal Divercidades - Qual é a principal demanda que os estabelecimentos requerem do Macaé Convention & Visitors Bureau?

Leonardo - O nosso público associado mais importante é a rede hoteleira. Uma das demandas mais importantes é a redução da sazonalidade, nos hotéis, nos finais de semana. O turismo de negócios é responsável por quase 100% de ocupação nos hotéis de segunda a sexta-feira. Porém, esse número cai bruscamente nos finais de semana. Uma das nossas funções é captação de eventos nos finais de semana para minimizar esse problema da sazonalidade.

Por exemplo, nós já falamos com a organização da Brasil Offshore que é interessante realizar a feira no final de semana, por causa da hotelaria. A hotelaria já possui contratos com as empresas durante a semana, e isso acaba impactando inclusive nos preços das diárias. Todos os eventos que o Convention & Visitors Bureau capta, tem como foco a realização nos finais de semana.

 

Portal Divercidades - Qual é o maior desafio enfrentado em Macaé, atualmente, para o desenvolvimento do turismo?

Leonardo Anderson da Silva, presidente do Macaé Convention e visitor bureauLeonardo - Macaé possui potencial turístico enorme. Porém, precisamos criar os produtos e os atrativos turísticos necessários. Nosso maior desafio é trabalhar a acessibilidade, fazer o inventário turístico da cidade e melhorar a sinalização para o que o turista possa se orientar melhor. É necessário criar, na cidade, um posto de informação turística e um portal de entrada na cidade. É importante ter um ponto de informação turística porque acaba sendo uma referência para as pessoas. Hoje, as pessoas que vem para Macaé não sabem aonde ir para buscar essa informação.

Hoje, o trade turístico de Macaé representa 13% do PIB, como já falei, mas, parece que o poder público não se atenta tanto para esse número. Acredito que o caminho correto seria a divisão da Fespotur para uma secretaria de turismo e uma de esporte. A cidade deveria ter órgão único para o desenvolvimento e fomento do turismo. O esporte tem a ver com o turismo porque atrai pessoas para a cidade. Mas, observando outros exemplos você vê que no Brasil, não existia o Ministério do Turismo, só existia a Embratur e, depois, o Ministério foi criado. No Estado do Rio de Janeiro não existia a secretaria estadual de turismo, existia só a Turisrio e, pela importância do turismo, a secretaria foi criada. Hoje, o turismo é encarado como uma atividade econômica e através do turismo você consegue agregar vários setores da economia.

Outro ponto é sobre o Centro de Convenções, que é público. Não adianta nós realizarmos captação de eventos como feiras e congressos para o Centro de Convenções se não tivermos o apoio do poder público local. O Centro de Convenções na linguagem técnica do turismo é um equipamento para ser explorado para o turismo. O Centro de Convenções é o 3º maior do Estado do Rio de Janeiro e o único do interior do Estado. O próprio Convention Bureau vem sinalizando para o poder público que é interessante a terceirização da administração do Centro de Convenções para empresa especializada em eventos porque esse equipamento pode deixar de ser uma despesa para o município e passar a ser fonte de lucro. A cidade deixa de ganhar muito com a não utilização do espaço. O poder público deixa de arrecadar com aluguel e impostos. No Rio, por exemplo, o Rio Centro foi terceirizado para a GL Eventos. O próprio Rio de Janeiro deu uma alavancada na utilização do Rio Centro depois da terceirização. Você pode ver que o espaço agora é muito mais usado. É importante o poder público andar junto com o Convention Bureau porque um precisa do outro.

 

Portal Divercidades - Conte um pouco sobre o que Macaé já evoluiu nos aspectos econômicos e sociais ligados ao turismo?

Leonardo - O segmento petróleo e gás e o turismo de negócios foi o casamento perfeito porque através do petróleo e gás foi possível diversificar a economia no município e desenvolver o turismo de negócios. A maior prova disso são as grandes redes internacionais de hotéis, que hoje vêm para a cidade e investem pesado em Macaé. Então, teve uma abertura de espaço para desenvolver o turismo de negócios e, consequentemente, o turismo de lazer. Como o Convention & Visitors Bureau acaba sendo uma referência internacional, nós recebemos visitas de investidores. Na semana retrasada, eu recebi um consultor de grupo de investidores de Lisboa querendo saber informações de Macaé com o intuito de investir na rede hoteleira.

 

Portal Divercidades - Os festivais gastronômicos são uma aposta que tem dado certo? Fale sobre os resultados desses eventos.

Leonardo - O Convention Bureau é uma entidade totalmente privada e é muito mais fácil desenvolver algo no âmbito privado. Criamos o festival gastronômico de Macaé que nasceu no Convention Bureau, 100% da iniciativa privada, e surgiu de uma conversa com o Sebrae de Macaé. Criamos o festival em virtude de Macaé, hoje, possuir uma rede gastronômica de frente para a orla. Acho que nenhuma cidade da região tem esse cenário dos restaurantes concentrados numa via de frente para a orla, com a variedade que nós temos. Então, vimos uma oportunidade de explorar isso.

A gastronomia de Macaé é diversificada, de qualidade e de excelência. O turismo de negócio tem poder de compra muito mais elevado do que o público do turismo de lazer e, isso exige uma melhor qualidade nos serviços. O cliente do turismo de negócio é mais exigente. Isso acabou levando a cidade a criar restaurantes com produtos de alto nível de qualidade. A orla (de Cavaleiros) tem comida italiana, japonesa, mexicana, etc.

Em virtude disso, criamos o Festival gastronômico (Festival Macaé de Cultura e Gastronomia) e vamos para a 5ª edição. Este ano, realizamos a 4ª edição e cada ano é um sucesso. Nós conseguimos provar não só para Macaé, mas para o público de fora que a cidade tem esse potencial turístico, tem qualidade na gastronomia e tem opção de lazer. Tanto, que algumas pessoas que estavam em Macaé para negócios acabaram ficando na cidade no final de semana por causa do festival. Tivemos esse feedback dos hotéis. É um conceito que deu certo. Você vê que na maioria dos lugares os festivais são realizados pelo poder publico. E aqui em Macaé é 100% da iniciativa privada.

Em virtude do Festival gastronômico nasceu o Polo Gastronômico da Praia de Cavaleiros, também em parceria com o Sebrae a partir de uma metodologia do Sebrae. O Polo foi formado em 2010. É o único polo gastronômico do interior do Estado do Rio de Janeiro. No 1º festival gastronômico, os empresários perceberam que deu certo e a partir do 2º festival, o Polo Gastronômico da Praia de Cavaleiros já estava formado. O Festival gastronômico além de ser opção de lazer e atrativo turístico, acabou sendo uma ferramenta de união dos restaurantes ali da orla na prática do associativismo. Antes, eles não tinham união e não se falavam. Eles se viam como concorrentes e hoje a situação já é diferente. O Festival gastronômico é um case de sucesso. Os empresários aprendem que, com esse tipo de evento, é possível atrair mais pessoas e, então, eles começam a se movimentar para promover outros eventos e incrementar o faturamento.

 

Portal Divercidades - Que potenciais turísticos em Macaé ainda precisam ser explorados?

leonardo anderson da silva, presidente do macaé convention e visitors bureauLeonardo - Macaé é uma das poucas cidades do mundo onde é possível agregar ao mesmo tempo a serra e o mar. A serra de Macaé é um potencial turístico que precisamos explorar como turismo de aventura e lazer. Mas, para isso, precisamos de incentivos para que empresas locais criem o turismo receptivo, que são aquelas empresas que fazem city tour, que mostram para os turistas a história da cidade e apresentam os pontos turísticos. Isso a gente não tem. No início do Convention Bureau, existiam empresas que exploravam as atividades de arvorismo e canoagem na serra, mas, por volta de incentivo, fecharam. Hoje a cidade tem grande potencial tanto na serra, quanto no mar.

Por exemplo, o Sana é conhecido mundialmente. Mas, muitas pessoas acham que o Sana pertence a Casimiro de Abreu porque hoje o melhor acesso ao Sana é via Casimiro. Por Macaé, o acesso é por meio de estrada de chão. Na serra, há potencial para explorar as atividades de canoagem e arvorismo. A pista de canoagem de Glicério é uma das poucas do mundo que possibilita nivelar o rio de acordo com a abertura das comportas. Já recebemos, aqui, o pessoal da Confederação Brasileira de Canoagem e até o campeão olímpico Sebastián Cuattrin, que fez uma análise de Macaé. O Sebastian disse que Macaé é uma das poucas cidades do mundo onde você consegue reunir todas as modalidades de canoagem. A prefeitura tinha um projeto de escola de canoagem na serra, mas não sei como está andando isso. Na serra, também é preciso fazer trabalho de capacitação e atualização de mão de obra local. A gente acredita na necessidade de se criar em Macaé um hotel escola exatamente para fazer a qualificação da mão de obra local, porque esse é um ponto muito precário, ainda, nessa região de Macaé.

A gente também precisa fazer um resgate histórico e cultural. As pessoas gostam disso. As pessoas querem saber o porquê dos nomes dos lugares e da história. Temos, por exemplo, uma história super rica do Motta Coqueiro que foi o último homem executado por pena de morte, no Brasil. As pessoas ficam fascinadas com essas histórias. A cultura também desperta a curiosidade do turista. Através do Festival gastronômico estamos tentando fazer um resgate cultural de qual é o prato típico da cidade e descobrir o que se consumia. Já ouvi falar que, na serra, o frango com fruta pão era um prato consumido.

 

Portal Divercidades - Que alternativas o Macaé Convention & Visitors Bureau está oferecendo para contribuir com o desenvolvimento econômico e social do turismo da cidade?

Leonardo - Nos eventos que participamos da área de turismo, sempre levamos o nome de Macaé para fora e apresentamos os atrativos que a cidade tem, assim como materiais de divulgação dos nossos associados. Essa é uma das formas de mostrar o que Macaé tem, até para que quando as pessoas venham à cidade saibam o que irão encontrar. Tem também a captação de eventos que ajuda a desenvolver toda a cadeia turística, da qual já falei.

Uma das formas de arrecadação de qualquer Convention & Visitors Bureau é por meio do “room tax”. O “room tax” é uma taxa que o hóspede paga por dia e por quarto. Se três pessoas ficam em um quarto, a taxa é uma só para as três pessoas e a tarifa é de R$ 2,00. Esse valor vai embutido na hospedagem. Essa taxa seria destinada para divulgação de materiais turísticos. Seria revertido para benfeitorias para o turista. Isso é uma das coisas que o Macaé Convention & Visitors Bureau está tentando implantar. Mas, em Macaé essa taxa é facultativa.

Fora do Brasil, no mundo todo é obrigatória. Essa taxa vai para o Convention & Visitors Bureau e é convertida para materiais de divulgação de informações turística que ajudam o turista, como mapas e material promocional da cidade. Em Macaé, a gente não consegue implantar o “room tax” porque a Petrobras não concorda com o pagamento. Nós consguimos uma reunião com o ministro da Minas e Energia, Edison Lobão, em 2011, e a gente quis mostrar para o Lobão a importância de a Petrobras pagar o “room tax” pela contribuição que o turismo de negócios dá à Petrobras. Ainda estamos tentando implantar isso em Macaé. Também tem o “table tax”, que segue a mesma lógica da outra taxa e seria cobrado nos restaurantes.

 

Portal Divercidades - Quais são os planos do Macaé Convention & Visitors Bureau para os próximos anos?

Leonardo - Macaé tem vários potenciais turísticos, basta criarmos bons produtos turísticos e atrativos turísticos. A gente vem trabalhando em parceria com Departamento de Recursos Minerais do Estado de Rio de Janeiro para a criação de um “geoparque” que seria uma instituição que ajudaria a fomentar o turismo ecológico e o voltado para pesquisa de biodiversidade, no Parque Atalaia e no Parque Jurubatiba. Há turistas que viajam só para fazer pesquisas de biodiversidade. Esse é um projeto para o futuro que já está em andamento.

oceanário de LisboaTemos no Convention Bureau dois projetos que acreditamos ser a grande alavanca do turismo da cidade que é um “oceanário”, com se fosse o de Lisboa. O “oceanário” acaba sendo um atrativo turístico. Porque, na parte de lazer, não temos muitos atrativos turísticos. A nossa vontade é criar um “oceanário” e estamos desenvolvendo um projeto para apresentar, quem sabe, para a Petrobras e até fazer uma parceria no nível federal. Esse “oceanário” poderia ser, além de um atrativo turístico, um centro de pesquisas na área de oceanografia. E, também, não podemos fugir desse rótulo que a cidade tem de ser a cidade do petróleo e gás. Muitas pessoas que vêm a Macaé perguntam se dá para ver uma plataforma, estando na cidade. O próprio Claude Troigros que esteve aqui no festival (Festival Macaé de Cultura e Gastronomia) perguntou como se dá para ver a plataforma. A gente tenta explicar que fica muito longe, em alto mar. Nós temos a vontade de desenvolver projeto em parceria com Petrobras e outras empresas para transformar uma plataforma desativada e criar um museu do petróleo, como se fosse um píer que entrasse, por exemplo, uns 200 metros no mar com a plataforma no final. Nessa plataforma, estaria o museu do petróleo com restaurantes e atrativos para as pessoas. Então, as pessoas viriam a Macaé para ver essa plataforma.

Além disso, estamos criando um projeto em parceria com a Firjan para fazer um projeto na Lagoa de Imboassica nos finais de semana. A equipe do Convention Bureau vai visitar João Pessoa para conhecer o projeto “Bolero de ravel pôr do sol”. Existe um lugar lá que chama praia do jacaré. Mas, que na verdade é um rio onde as pessoas se junta para ver apresentações de sax com bolero de Ravel, ao pôr do sol. Não é nada de mais, mas, você vê 10 mil pessoas em torno disso. Sai gente do mundo todo para ver esse pôr do sol. Nós apresentamos esse projeto à Firjan e eles têm uns produtos interessantes de incentivo à cultura, porque cultura também é turismo. Pretendemos fazer um evento misturando cultura com o pôr do sol da Lagoa de Imboassica.

 

Leonardo Anderson da Silva é comerciante de Macaé, formado em administração. Ele já ocupou cargo de diretor de comércio na Associação Comercial e Industrial de Macaé, participou da fundação do Macaé Convention & Visitors Bureau, em 2008, onde foi vice-presidente nas gestões de 2009 a 2010 e, de 2011 a 2012. Atualmente, Leonardo ocupa a presidência da instituição, referente à gestão de 2013 e 2014.
 

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